Rocha Loures: o ex-assessor foi preso preventivamente no dia 3 de junho por ordem do ministro do STF Edson Fachin (Youtube/Reprodução)
Reuters
Publicado em 13 de junho de 2017 às 13h21.
Brasília - O ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) descarta fazer uma delação premiada no momento, disse à Reuters o advogado Cézar Roberto Bittencourt, que espera que seu cliente esteja livre até 16 de julho, dia em que está previsto o nascimento do filho do ex-assessor do presidente Michel Temer.
Rocha Loures foi preso preventivamente no dia 3 de junho por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin no inquérito a que ele e o presidente Michel Temer respondem sob a acusação de obstrução de Justiça, organização criminosa e corrupção passiva após a delação de executivos da JBS.
"Não vai existir delação, em nenhuma hipótese", afirmou o criminalista. "Até 16 de julho, ele espera estar livre para assistir ao parto do filho. Antes disso até", completou.A mulher de Rocha Loures está grávida de oito meses.
O advogado espera que Edson Fachin leve ao plenário do STF o quanto antes o pedido apresentado por ele para libertar Rocha Loures sob o argumento de que a prisão dele foi ilegal.
Segundo ele, a motivação da prisão do ex-assessor de Temer era desnecessária porque ele não representava qualquer risco para a ordem pública. Alega, ainda, que a prova para a detenção --a gravação feita por Joesley Batista e a ação controlada-- é ilegal, a partir daí todo o restante teria que ser desconsiderado.
"Só quero uma coisa: que o relator leve para o plenário a prisão do Rodrigo", defendeu.
O advogado revelou ter apresentado na segunda-feira uma petição sigilosa ao inquérito com novos pedidos para avaliação de Fachin. Ele não quis detalhar o que seria.
Bittencourt não acredita que seu cliente poderá ser colocado em liberdade após a provável denúncia criminal que será oferecida nos próximos dias contra Rocha Loures e Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Por isso, o advogado trabalha na linha da defesa segundo a qual, a partir do que considera como prova ilegal, a gravação de Joesley, toda a investigação contra o ex-assessor de Temer e o presidente está contaminada.
Ele disse que não há combinação da estratégia de defesa com a banca que representa Temer no inquérito, comandada pelo criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira.
Segundo Bittencourt, há momentos em que a defesa converge. As duas defesas questionam o uso e a validade da gravação como instrumento de prova --a Polícia Federal realiza perícia no áudio da conversa de Joesley Batista e Temer. Mas ressalvou que essa convergência não é sempre garantida.
"Tenho que trabalhar aquilo que é bom para o meu cliente", frisou. "Não tenho nada a ver com os outros. Não vou deixar de fazer a defesa bem feita para beneficiar o outro", completou.