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Defesa de Costa Neto cita acordo eleitoral e rebate mensalão

Os irmãos Jacinto e Antônio Lamas, outros integrantes do PL que são réus no processo, também fizeram suas defesas nesta sexta-feira


	STF: o chamado mensalão seria um suposto esquema de desvio de recursos e compra de apoio da base aliada no Congresso
 (José Cruz/Agência Brasil)

STF: o chamado mensalão seria um suposto esquema de desvio de recursos e compra de apoio da base aliada no Congresso (José Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 21h56.

Brasília - A defesa do deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) usou a teoria de "compartilhamento de caixa" entre PT e PL nesta sexta-feira para rebater as acusações de envolvimento do réu no chamado mensalão durante julgamento da ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF).

Costa Neto é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de ter recebido 8,8 milhões de reais para votar a favor de matérias do interesse do governo. Ele é acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha.

Os irmãos Jacinto e Antônio Lamas, outros integrantes do PL que são réus no processo, também fizeram suas defesas nesta sexta-feira.

O advogado do deputado, Marcelo Luiz Ávilla de Bessa, negou a existência de um acordo para compra de votos, já que o PL já fazia parte do governo e, portanto, não haveria motivos para um suposto esquema para compra de apoio. Ele disse que os valores eram para o pagamento de dívidas de campanha.

"A causa do acordo, causa única e exclusiva para a coligação entre o PT e PL é o compartilhamento do caixa de campanha", disse Bessa, no quinto dia de sustentações das defesas no chamado mensalão.


Bessa não citou se os valores compreendiam caixa dois eleitoral, justificativa usada por outros réus no julgamento. Para rebater a acusação de corrupção, ele sustentou que Costa Neto recebeu o dinheiro como líder partidário.

Costa Neto era deputado federal e presidente do antigo PL, atual PR, e renunciou ao mandato em 2005 para evitar a cassação.

O chamado mensalão seria um suposto esquema de desvio de recursos e compra de apoio da base aliada no Congresso e veio à tona em 2005, no que foi a maior crise política do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com denúncia do MPF, Costa Neto teria recebido dinheiro por meio da empresa Guaranhuns, para encobrir a origem dos recursos. A defesa alegou que todos os valores passaram pelo sistema financeiro.

Irmãos Lamas

A sessão desta sexta-feira também teve as argumentações das defesas dos irmãos Lamas. Jacinto foi tesoureiro do PL e trabalhava como assessor de Costa Neto. Ele é acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva e formação de quadrilha.

Segundo a denúncia, Jacinto teria auxiliado Costa Neto no recebimento do dinheiro que supostamente seria da compra de apoio do deputado ao governo. Ele também teria intermediado o pagamento dos valores.

De acordo com o advogado Délio Lins e Silva, não há provas da ação de Jacinto, que confirmou o recebimento dos valores, mas desconhecia a origem ilícita do montante. A defesa citou Costa Neto como o "controlador" das finanças do partido.

"Quem mandava e desmandava o partido era o deputado Valdemar Costa Neto, que controlava tudo... Jacinto Lamas era um zero à esquerda em termos políticos", disse o advogado.


"O papel de tesoureiro de Jacinto Lamas era meramente figurativo. Quem determinava para onde ia e vinha os valores do PL era o deputado Valdemar Costa Neto", disse.

Já Antônio foi assessor da liderança do PL na Câmara e é acusado pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele é um dos dois réus que tiveram sua absolvição defendida pelo procurador geral da República, Roberto Gurgel, por falta de provas.

O advogado, Délio Lins e Silva, pai do defensor de Jacinto, disse que Antônio agia a mando de Costa Neto e citou "exagero, abuso e irresponsabilidade" nas denúncias contra o réu.

"Antônio Lamas não é mensaleiro, mas um simples mensageiro de Valdemar Costa Neto", disse o advogado.

O julgamento da ação penal, que começou em 2 de agosto, teve sua quinta sessão destinada à argumentação oral das defesas dos réus.

O ministro Marco Aurélio Mello não participou das apresentações desta sexta-feira devido a um compromisso agendado antes de o calendário do processo ter sido definido.

Esta foi a segunda ausência de um ministro desde o início do julgamento. Na terça-feira, a ministra Cármen Lúcia ausentou-se da segunda parte da sessão, o que causou protesto das defesas, que pediram a suspensão das argumentações, negada pelos ministros.

Ambos os ministros solicitaram as fitas das defesas para acompanhar os argumentos.

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