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Decisão sobre Lula pressiona STF sobre prisão em 2ª instância

Marco Aurélio é o relator de duas ações nas quais o STF firmou, em 2016, que é possível iniciar o cumprimento de pena após a condenação em 2a instância

STF: a avaliação é de que o resultado do julgamento do ex-presidente no TRF-4 pressiona os ministros a se posicionar novamente sobre o assunto (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Divulgação)

STF: a avaliação é de que o resultado do julgamento do ex-presidente no TRF-4 pressiona os ministros a se posicionar novamente sobre o assunto (Rosinei Coutinho/SCO/STF/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 09h33.

Brasília - O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar nos próximos dois meses o mérito de duas ações que discutem a possibilidade de execução de pena, incluindo prisão, após condenação em segunda instância, conforme apurou o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) com auxiliares da Corte.

No STF, a avaliação é de que o resultado do julgamento do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) pressiona os ministros a se posicionar novamente sobre o assunto.

Conforme informou o jornal O Estado de S. Paulo no domingo, três ministros ouvidos reservadamente já apostavam que o TRF-4 manteria a condenação imposta pelo juiz federal Sérgio Moro ao ex-presidente no caso do triplex do Guarujá (SP).

Para um deles, a pressão sobre a Corte estava colocada desde dezembro do ano passado, quando o ministro Marco Aurélio Mello pediu à presidente do Tribunal, ministra Cármen Lúcia, a inclusão na pauta das duas ações, do Partido Ecológico Nacional (PEN) e do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que pedem a suspensão da execução antecipada da pena após decisão em segunda instância. O Supremo ainda não analisou o mérito dessas duas ações.

Marco Aurélio é o relator de duas ações nas quais o STF firmou, em outubro de 2016, o entendimento de que é possível iniciar o cumprimento de pena após a condenação em segunda instância. O ministro foi voto vencido na época. Agora as ações estão liberadas para serem julgadas no mérito pelo plenário da Corte.

O ministro-relator lembrou do placar "apertado" em 2016. "Foi 6 a 5. Será que nós cinco estávamos tão errados?", questionou o ministro. "E, se o tribunal evoluir, vai evoluir em boa hora", disse.

Marco Aurélio disse considerar melhor que o STF decida o "quanto antes" sobre as ações. Elas agora têm como pano de fundo o destino do petista.

Repercussão

Para o ministro, uma eventual prisão de Lula serviria para incendiar o Brasil. "Eu duvido que o façam, porque não é a ordem jurídica constitucional. E, em segundo lugar, no pico de uma crise, um ato deste poderá incendiar o País", afirmou Marco Aurélio.

Outro integrante da Corte, ouvido sob a condição de anonimato, observou que o Supremo já decidiu três vezes sobre a possibilidade de execução de pena após condenação em segundo grau e "tribunais constitucionais normalmente decidem o tema uma única vez e todo mundo respeita".

Uma eventual mudança no entendimento do Supremo é vista com receio por integrantes do Ministério Público Federal. Procuradores disseram acreditar que uma revisão na posição da Corte pode atrapalhar investigações e desestimular a colaboração com a Justiça de investigados ou acusados.

A primeira sessão plenária do Supremo neste ano está marcada para o próximo dia 1.º, quando os ministros retornarão do recesso do Judiciário.

Cabe à ministra Cármen Lúcia, na condição de presidente do Tribunal, elaborar as pautas de julgamento e alterá-las ao longo da semana, incluindo novos processos.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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