Lira está rompido com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação com o Congresso (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 08h12.
De volta de uma viagem oficial à África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se dedicar nesta semana a convidar líderes da Câmara e do Senado, além de dirigentes de partidos, para uma série de encontros. A estratégia tem como objetivo melhorar a relação com o Congresso diante de ruídos recentes, como os que envolvem o veto presidencial a uma parcela das emendas de comissão. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também devem ser chamados.
Na lista de propostas de interesse do governo que será apresentada pelo presidente estão a regulamentação da reforma tributária, programas para aumentar acesso ao crédito, projetos relacionados à transição ecológica e medidas que aumentam a arrecadação. É este último item, porém, que enfrenta mais resistências após o governo editar Medida Provisória (MP), no fim do ano passado, para suspender a desoneração da folha de pagamentos e benefícios do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).
O líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), autor do projeto que prorrogou a desoneração, afirma que aproveitará o encontro para sugerir a Lula que envie as medidas por meio de projeto de lei, em vez de Medida Provisória. Assim, segundo ele, os parlamentares terão mais tempo para discutir e chegar em um consenso com o Palácio do Planalto.
Em um café da manhã com o presidente na sexta-feira de carnaval, Lira argumentou com Lula que ele precisava retomar diálogos com políticos, parlamentares e sugeriu que começasse chamando os líderes partidários. A avaliação de aliados do presidente da Câmara é que o governo ainda patina na articulação política.
Lira está rompido com o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), responsável pela articulação com o Congresso. O presidente da Câmara acusa o auxiliar de Lula de não cumprir acordos.
No Planalto, o entorno do presidente afirma que o planejamento para as reuniões já estava previsto antes mesmo da conversa de Lula com Lira. Parlamentares, no entanto, avaliam que o governo deve ser cauteloso ao se aproximar dos líderes, para não passar a imagem de que está atropelando a presidência do Senado e da Câmara, que têm o controle da pauta de votações.