Brasil

De sinal 5G a novas estações: diretor da ViaMobilidade detalha planos para as linhas 4 e 5

Os planos de curto prazo envolvem a instalação, gravativa, de cobertura 5G e 4G, Wi-Fi, melhorias na acessibilidade das estações e obras de revitalização

 (Via Mobilidade/Divulgação)

(Via Mobilidade/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 06h07.

Última atualização em 5 de dezembro de 2024 às 13h38.

Após diminuir o número de falhas entre 2022 e 2023 em 16,7%, a ViaMobilidade aposta em melhorias como sinal 5G, Wi-Fi e limpeza para atrair mais passageiros, diz Antonio Marcio Barros Silva, diretor das linhas 4 e 5, em entrevista exclusiva à EXAME. Além disso, as novas estações anunciadas pelo governo de São Paulo — quatro no total — também devem ser um incremento para o futuro das linhas.

"Nosso foco é modernizar a operação e garantir mais conforto e eficiência. Além disso, seguimos comprometidos com inovações tecnológicas e sustentabilidade, como robôs de limpeza e soluções que economizam água e energia", diz Barros Silva.

Os planos de curto prazo envolvem a instalação, gradativa, de cobertura 5G e 4G em todas as estações da linha 5-Lilás para sinal nos túneis por meio de um cabo irradiante, que permite a propagação contínua do sinal. Essa tecnologia elimina a oscilação do sinal durante o percurso.

"Quanto ao Wi-Fi, estamos negociando com o CNCP, órgão ligado à Secretaria de Parcerias em Investimentos, que monitora as concessões, para implantar o serviço tanto na Linha 4 quanto na Linha 5. Já encaminhamos a proposta inicial, e as equipes estão trabalhando no estudo de viabilidade", acrescenta.

Sobre a superlotação da linha, Barros Silva afirma que a característica pendular, ou seja, concentração do movimento nos horários de pico de um número alto de passageiros, é combatida com a melhora no sistema de sinalização da linha e diminuição do intervalo entre os trens, que hoje é de três minutos no horário de maior movimento.

"Além disso, fazemos campanhas para distribuir melhor os passageiros nas plataformas, indicando quais vagões estão mais cheios ou vazios", diz.

Com 35 anos de experiência no Metrô, o executivo, que assumiu a direção das linhas em setembro do ano passado, defende que os mais de R$ 115 milhões investidos em 2024 devem atrair mais passageiros, uma vez que a capacidade da linha é de até 800 mil passageiros por dia.

Veja a entrevista completa de Antonio Marcio Barros Silva, diretor das linhas 4 e 5 da ViaMobilidade

Há quanto tempo você está à frente das linhas 4 e 5?

Trabalhei 35 anos no metrô público, nas áreas de manutenção e operação. Em setembro do ano passado, recebi a proposta de assumir como diretor da CCR, onde gerencio as operações das linhas 4-Amarela e 5-Lilás. Já estou há um ano e dois meses nessa posição.

Como você avalia o estado das linhas 4 e 5 quando assumiu, e quais os avanços até agora?

A Linha 4-Amarela, inaugurada em 2010, foi a primeira PPP do Brasil e a primeira linha automática da América Latina. Ela transporta, em média, 720 mil pessoas por dia, especialmente de terça a quinta, quando o movimento é maior devido ao home office às segundas e sextas. Já atingimos um recorde de 757 mil passageiros em um único dia pós-pandemia, mas ainda estamos cerca de 10% abaixo do volume pré-pandêmico. A capacidade total da linha é para até 1 milhão de passageiros por dia. Antes da pandemia, o recorde foi de 858 mil em novembro de 2019. Na Linha 5-Lilás, transportamos hoje 620 mil passageiros por dia. Como inauguramos estações recentemente, o movimento atual já supera o pré-pandemia.

Quais melhorias foram feitas na operação das linhas?

Na Linha 5, substituímos o piso de borracha da estação Giovanni Gronchi por porcelanato, o que melhorou a durabilidade, a limpeza e a iluminação. Também estamos trocando as catracas de Capão Redondo, uma das estações mais movimentadas, por modelos mais modernos e ágeis. Isso vai reduzir o tempo de acesso, principalmente no horário de pico. Outro destaque é o uso de drones para limpar as cúpulas de vidro das estações da Linha 5. Antes, contratávamos alpinistas industriais, o que envolvia mais risco. O teste com drones teve resultados “esmagadores”, e estamos analisando a possibilidade de adotar essa solução de forma permanente.

E em relação à conectividade para os passageiros?

Iniciamos a instalação de sinal de celular nas estações da Linha 5. Campo Belo já foi ativada, e até o final do ano, outras duas estações — Borba Gato e Alto da Boa Vista — também terão sinal. Em 2024, esperamos completar toda a linha com 4G e 5G. Quanto ao wi-fi, estamos negociando com o CNCP, órgão que monitora as concessões, para implantar o serviço tanto na Linha 4 quanto na Linha 5. Já encaminhamos a proposta inicial, e as equipes estão trabalhando no estudo de viabilidade.

Como estão os planos de expansão para as linhas 4 e 5?

A Linha 4 será estendida por 3,3 km, com novas estações em Chácara do Jockey e Taboão da Serra. Essa última será a primeira fora do município de São Paulo e trará benefícios como um terminal de ônibus e passarelas para pedestres, revitalizando a região. A Linha 5 ganhará 4,3 km de extensão, conectando Capão Redondo ao Jardim Ângela. Essa obra incluirá a construção de novas estações, um terminal de ônibus, uma base da Polícia Militar e melhorias viárias na região.

As obras causarão impacto na operação das linhas?

Não. Essas extensões são em áreas que não interferem nos trechos operacionais, o que evita transtornos para os passageiros.

E quanto à superlotação na Linha 5, há soluções?

A Linha 5 tem características pendulares, ou seja, concentra o movimento nos horários de pico, quando transportamos até cinco passageiros por metro quadrado. Fora desses períodos, esse número cai para menos de dois por metro quadrado. Estamos ampliando a estação Santo Amaro, que estará pronta no primeiro semestre de 2024, e modernizando o sistema de sinalização. Com isso, conseguiremos reduzir os intervalos entre trens, que já estão em menos de três minutos nos horários de pico. Além disso, fazemos campanhas para distribuir melhor os passageiros nas plataformas, indicando quais vagões estão mais cheios ou vazios.

Quais outras inovações estão em andamento?

Estamos implementando rampas para cadeirantes em todas as estações, permitindo que eles embarquem e desembarquem de forma autônoma. Também revisamos nossa comunicação visual, tornando-a mais acessível a pessoas com deficiência intelectual ou baixo letramento. Outro projeto em parceria com a Secretaria da Pessoa com Deficiência é a instalação de um posto de atendimento na estação Santa Cruz. Lá, serão oferecidos serviços como reparos de equipamentos e coleta de currículos de pessoas com deficiência.

O que esperar para o futuro das linhas?

Nosso foco é modernizar a operação e garantir mais conforto e eficiência. Além disso, seguimos comprometidos com inovações tecnológicas e sustentabilidade, como robôs de limpeza e soluções que economizam água e energia.

Acompanhe tudo sobre:Metrô de São PauloMobilidadeInfraestrutura

Mais de Brasil

PT pede cassação de chapa do PL que elegeu Jair Renan Bolsonaro por suposta fraude na cota de gênero

Instituto Butantan pede registro de vacina contra dengue à Anvisa

Como dar entrada no seguro-desemprego? Veja o passo a passo