Petrobras: o PSDB afirmou que a empresa pedeu quase metade de seu valor de mercado em dois anos (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 12 de março de 2013 às 22h14.
Brasília - O PSDB deu início a um ciclo de seminários em que pretende apresentar nos próximos meses suas propostas para voltar ao poder em 2014, e o alvo das críticas tucanas nesta terça-feira foi a Petrobras, que na avaliação do partido é vítima da gestão política do governo e precisa ser "salva" do PT. A estatal emitiu nota para rebater as críticas.
Esse é mais um dos movimentos do PSDB em resposta à movimentação da presidente Dilma Rousseff, que desde o começo do ano tem costurado politicamente seu projeto de reeleição.
O seminário apontou falhas na gestão da estatal, questionou o regime de partilha para exploração de óleo da camada pré-sal e a política de conteúdo nacional orientada pelo governo.
Segundo o PSDB, a Petrobras perdeu em dois anos 47,7 por cento do seu valor de mercado, e está sendo vista com desconfiança pelo mercado.
A estatal reconheceu a perda de valor de mercado nesse período, mas questionou o valor apresentado pelos tucanos.
"(Em) 2011, o valor de mercado da Petrobras era de 398 bilhões de reais e hoje 234 bilhões de reais, tendo uma perda de 164 bilhões de reais, perdendo 41,2 por cento do seu valor de mercado", disse a empresa em nota.
Os tucanos também criticaram a queda na produção de petróleo da empresa numa comparação entre a gestão do PSDB no governo federal, entre 1995 e 2002, e a gestão petista desde 2003.
"Após registrar aumentos médios de 10 por cento na produção de petróleo entre 1995 e 2002, a Petrobras viu esse índice despencar para 2,4 por cento ao ano, desde que o PT chegou ao poder. Já a dívida líquida da empresa saltou de 26 bilhões de reais para mais de 130 bilhões entre 2007 e 2012", diz um trecho do folheto entregue pelos tucanos no Congresso.
A petroleira, porém, contestou esse cálculo da queda na produção destacada pelo PSDB.
"A produção de petróleo da Petrobras foi de 700 mil barris por dia em 1995 e chegou a 1,5 milhão de barris por dia em 2003. De 2003 a 2012, o patamar de produção de óleo da Petrobras elevou-se de 1,5 milhão de barris por dia para 2,0 milhões de barris por dia, e chegará a 2,5 milhões de barris por dia em 2016 e 4,2 milhões de barris por dia em 2020", segundo a nota da estatal.
Sobre o aumento da dívida, a Petrobras argumentou que o mercado não considera essa questão um problema, tanto que a estatal não tem sofrido dificuldades para captar financiamentos.
"A dívida líquida da Petrobras ficou em 148 bilhões de reais no final de 2012. Porém, isso não é visto como negativo pelo mercado. Pelo contrário, ao longo dos últimos anos, o aumento do endividamento veio acompanhado da redução do custo de captação da companhia e da melhora da avaliação de risco por parte das agências de rating", disse em comunicado.
EM CAMPANHA
"Cabe a nós da oposição com a responsabilidade que temos para com o Brasil... estar atentos vigilantes, denunciando, condenando e cobrando os abusos, mas principalmente apresentando propostas e alternativas a isso que está aí", disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que deve ser o candidato do partido à Presidência em 2014.
Segundo ele, é preciso rever o modelo de partilha adotado pelo governo para a exploração da camada pré-sal, retirando a obrigatoriedade para que a Petrobras seja operadora única dos campos a serem licitados por esse modelo.
"Hoje é irreal e contraproducente manter a obrigatoriedade de 30 por cento da Petrobras em cada um dos campos", criticou Aécio. O tucano disse ainda que é favorável à regra de conteúdo nacional para as compras da estatal, mas que ela deveria ser flexibilizada porque tem metas muito elevadas.
Já a Petrobras considera essa política um sucesso e disse que não sente dificuldades em ser atendida pelo mercado doméstico.
"A indústria nacional de bens e serviços tem respondido à altura das demandas da Petrobras, com conteúdo nacional que por vezes supera o índice de 85 por cento que é o caso dos projetos do refino", argumentou a estatal.
Outro ponto da atual gestão da Petrobras criticado no seminário tucano foi a não equiparação dos preços da gasolina nas refinarias aos patamares praticados pelo mercado internacional. Segundo o engenheiro Wagner Freire, ex-diretor da estatal que foi convidado para o evento do PSDB, a Petrobras continuará amargando prejuízos sem a equiparação.
A Petrobras vende atualmente derivados do petróleo no mercado interno a preços inferiores aos praticados no mercado internacional, por não ter repassado recentemente a totalidade dos maiores custos com petróleo. Com isso, o governo federal, controlador da companhia, evita maiores altas na inflação.
Neste ano, a Petrobras já anunciou duas altas nos preços do diesel e uma para a gasolina, após outros reajustes em 2012, num movimento que busca alinhamento dos valores com a cotação internacional em uma perspectiva de médio e longo prazos.
Segundo Aécio, os próximos seminários dos tucanos vão discutir as concessões anunciadas pelo governo recentemente na área de logística, os problemas de competitividade da economia e as questões federativas.