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Datena, Boulos, Tatto: entenda a polêmica envolvendo a disputa pela Prefeitura de SP

Enquanto ala do PT quer lançar candidatura própria em 2024, cúpula do partido tem compromisso em apoiar deputado do PSOL

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) entrevista o candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos. Ele é o quarto a participar da série de entrevistas da EBC com presidenciáveis. (EBC/Agência Brasil)

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) entrevista o candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos. Ele é o quarto a participar da série de entrevistas da EBC com presidenciáveis. (EBC/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Publicado em 5 de abril de 2023 às 14h36.

Um vídeo supostamente vazado entre uma "conversa de boteco" entre o apresentador José Luiz Datena e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) gerou as primeiras faíscas na distante corrida eleitoral de 2024.

Na gravação, Datena incentiva Boulos a "peitar o PT" para tê-lo como vice, decisão que levaria o próprio deputado do PSOL a romper com o acordo feito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022: de retirar sua candidatura ao governo de São Paulo em troca do apoio do PT à sua tentativa de conquistar a Prefeitura paulistana em 2024.

Saiba o que está em jogo nessas articulações:

PT

O partido tem um acordo firmado com Boulos para apoiá-lo na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2024. O compromisso foi feito em 2022, sob a condição de que o líder dos sem-teto desistisse de sua candidatura ao governo de São Paulo, e envolve ter como vice na chapa um nome do PT.

Entra no cálculo dos dirigentes petistas a avaliação de que o partido dificilmente conseguirá ter uma candidatura mais competitiva que a de Boulos. Em 2020, o PT insistiu em lançar a candidatura de Jilmar Tatto, hoje secretário de Comunicação do partido e deputado federal, mesmo enfrentando a baixa disponibilidade da militância de apoiá-lo. Fenômeno de popularidade na esquerda, Boulos desbancou o PT, que ficou de fora do segundo turno das eleições na capital pela primeira vez na história, e foi derrotado pelo então prefeito Bruno Covas (PSDB).

Jilmar Tatto

O deputado defende que o PT lance candidatos em todas as grandes cidades para fazer frente à ofensiva do PL, partido dos bolsonaristas, que deve concorrer em todos os municípios com população superior a 200 mil habitantes no ano que vem.

Tatto alega que o PT é um partido grande demais para abrir mão das candidaturas próprias. Ele argumenta que o partido governou São Paulo três vezes — Luiza Erundina (1989-1992), Marta Suplicy (2001-2004) e Fernando Haddad (2013-2016) — e que tem força e experiência para voltar ao Palácio do Anhangabaú.

Ele também alega que a capital voltou ao "cinturão vermelho" na última eleição. Tanto Lula quanto Haddad, disputando o governo paulista, venceram os bolsonaristas na cidade — o que seria um cenário favorável aos petistas no ano que vem.

Guilherme Boulos

Boulos afirmou ao site Metrópoles que, apesar do apelo de Datena, seu vice será do PT, mantendo o acordo firmado no ano passado. O deputado se vê com condições de conquistar a Prefeitura após ter sido eleito em 2022 com a maior votação do estado para a Câmara dos Deputados, com cerca de 1 milhão de votos.

O deputado tem ouvido de petistas, no entanto, que ainda precisa conquistar parte da militância resistente em apoiar um nome fora do partido. Ele deve começar uma série de agendas com alas do PT a partir de junho para tentar se aproximar delas.

José Luiz Datena

O apresentador está filiado ao PDT após colecionar passagens-relâmpago por outras siglas, da esquerda à direita. De 1992 a 2015 ele integrava os quadros do PT. Depois, passou por PP, PRP, DEM, MDB e PSL. Em 2021, negociou com PSD, mas desistiu do desembarque após especulações de que Geraldo Alckmin, então de saída do PSDB, poderia se filiar ao partido para ser vice de Luiz Inácio Lula da Silva na corrida pela Presidência da República.

Depois, passou por União Brasil e PSC, partido da base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Durante a campanha, chegou a ser vaiado por bolsonaristas ao lado do então candidato de Jair Bolsonaro.

A posição errática do apresentador levantou desconfiança da classe política. Ele ameaçou disputar as últimas quatro eleições, mas recuou em todas elas para continuar à frente do programa Brasil Urgente, da Band TV. Críticos dizem que se trata de uma estratégia de Datena para se manter em evidência.

PDT

O presidente estadual do PT, o deputado Márcio Nakashima, afirmou à Folha de S.Paulo que Datena se filiou à legenda para ser candidato a prefeito da capital, e não a vice.

— Fomos procurados por ele, e o que temos de encaminhamento é que ele será nosso candidato — afirmou

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