Dallagnol: "Hoje os políticos mostraram do que são capazes", escreveu Deltan (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de novembro de 2017 às 22h27.
São Paulo - O procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse nesta sexta-feira, 17, que a decisão da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) de derrubar as prisões dos deputados peemedebistas Jorge Picciani, presidente da Casa, Paulo Melo e Edson Albertassi é "uma amostra do que pode acontecer em Brasília e com a Lava Jato".
"O que aconteceu no Rio de Janeiro hoje é uma amostra do que pode acontecer em Brasília e com a Lava Jato se em 2018 não virarmos o jogo contra a corrupção", escreveu o procurador em suas redes sociais.
Por 39 votos a 19, a Alerj decidiu revogar a decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), que encarcerou os parlamentares nesta quinta-feira, 16. Os deputados, que saíram da prisão em um carro oficial, passaram menos de 24 horas na cadeia.
"Hoje os políticos mostraram do que são capazes", escreveu Deltan. "Os deputados da Assembleia do Rio deveriam ser os primeiros a endossar a atuação da Justiça e apurar a responsabilidade de seus líderes, mas o comportamento foi o oposto".
Acostumado a usar as redes sociais, o procurador da República disse para seus 619 mil seguidores no Facebook "não se anestesiarem". "Se hoje os políticos mostraram do que são capazes, em 2018 a sociedade brasileira precisa mostrar do que é capaz, nas urnas, agindo de modo organizado para eleger apenas políticos com ficha limpa, que expressem compromisso com a democracia e que apoiem propostas anticorrupção, com palavras, votos e atitudes", escreveu.
Deltan escreveu ainda que, "quando a punição bater na porta dos grandes líderes corruptos, eles perderão a vergonha de salvar a própria pele".
Leia na íntegra o que escreveu Deltan Dallagnol:
"Não desista do Brasil. Hoje os políticos mostraram do que são capazes. Não me refiro às provas consistentes da prática de corrupção por líderes políticos do Rio de Janeiro. Eu me refiro à conduta dos demais. Os deputados da Assembleia do Rio deveriam ser os primeiros a endossar a atuação da Justiça e apurar a responsabilidade de seus líderes, mas o comportamento foi o oposto. Isso tem que indignar Você. Nós não podemos nos anestesiar, mas sim dar vazão à nossa indignação, de modo pacífico e democrático, por meio da participação popular.
Se Você não se envolver, eles ocuparão o seu espaço. Se hoje os políticos mostraram do que são capazes, em 2018 a sociedade brasileira precisa mostrar do que é capaz, nas urnas, agindo de modo organizado para eleger apenas políticos com ficha limpa, que expressem compromisso com a democracia e que apoiem propostas anticorrupção, com palavras, votos e atitudes. Há entidades respeitadas da sociedade civil trabalhando nesse sentido. Não esqueça do que aconteceu hoje e se una a elas em 2018, o ano que representa a grande chance brasileira contra a corrupção.
O que aconteceu no Rio de Janeiro hoje é uma amostra do que pode acontecer em Brasília e com a #LavaJato se em 2018 não virarmos o jogo contra a corrupção. Quando a punição bater na porta dos grandes líderes corruptos, eles perderão a vergonha de salvar a própria pele. A única solução é por meio da democracia e de uma política mais íntegra, e isso depende de Você."