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Da saúde pública à política: aumenta a pressão sobre Bolsonaro

Presidente poderia ser alvo de pedido de impeachment no mesmo dia em que faz novo teste de contaminação por coronavírus

Bolsonaro em manifestação no domingo: atitude considerada “irresponsável” pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro em manifestação no domingo: atitude considerada “irresponsável” pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2020 às 06h39.

Última atualização em 17 de março de 2020 às 09h45.

De Brasília à Faria Lima, parte das atenções estarão voltadas, nesta terça-feira, à crescente pressão que vem sofrendo o presidente Jair Bolsonaro por suas respostas erráticas à crise do coronavírus no Brasil. O país já tem oficialmente mais de 230 doentes, além de mais de 2 mil casos suspeitos.

Nesta terça-feira o presidente deve fazer um novo teste. Ele é suspeito de ter contraído a doença depois de voltar dos Estados Unidos, na semana passada. Numa situação sui generis, 14 pessoas próximas a ele estão com coronavírus, o que dá cerca de 6% de todos os doentes do país.

Ainda assim, Bolsonaro segue afirmando que a crise do coronavírus está “superdimensionada” e no domingo, como se sabe, participou de manifestações contra o Congresso mesmo após recomendação de ficar em isolamento por suspeitas de estar doente.

Sua atitude foi criticada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que o chamou de “irresponsável”. Ontem, Alcolumbre e Maia, junto com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, se reuniram com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Segundo a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, Mandetta foi cobrado por Bolsonaro por se aproximar de João Doria (PSDB), governador de São Paulo, para coordenar as respostas ao coronavírus no estado, o mais afetado do país.

São tantas demonstrações de distanciamento, ou de negação, da crise de saúde que um grupo de parlamentares elevou o tom de cobranças ao presidente. Alexandre Frota (PSDB-SP), chegou a anunciar que entregaria nesta terça um pedido de impeachment de Bolsonaro a Rodrigo Maia.

Ao Estado de S. Paulo o deputado afirmou que o pedido é baseado no artigo 268 do Código Penal, que criminaliza quem desobedece “determinação do poder público destinada a impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa”.

Mas Frota desistiu de abrir o pedido de impeachment devido ao combate ao coronavírus e às medidas para restringir o fluxo de pessoas em espaço público. "Optei por não ir à Câmara e adiar todo o processo que faríamos. Vou aguardar uma melhor data. Mas o texto está pronto", escreveu o deputado em uma rede social.

Na frente econômica, as respostas do governo devem continuar sendo alvo de escrutínio nesta terça-feira. No começo da noite de ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou um pacote emergencial de 147 bilhões de reais para atenuar os efeitos do coronavírus na economia.

Entre as medidas estão adiantamento do décimo terceiro salário e novas rodadas de saques do FGTS, além da inclusão de 1 milhão de pessoas no Bolsa Família. Guedes ainda voltou a pedir o avanço do pacote de reformas, uma situação cada vez mais difícil com o crescente distanciamento do executivo com os outros poderes.

Globalmente, o número de vítimas já passou de 182.000 pessoas. E o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou, pela primeira vez, numa possível recessão no país em virtude um “inimigo invisível”.

A Organização Mundial da Saúde recomendou ontem que todas as pessoas com suspeita de coronavírus sejam testadas. Mas o Ministério da Saúde havia afirmado, na sexta-feira, que os testes não seriam feitos em todos os casos suspeitos em São Paulo e no Rio de Janeiro, duas cidades em que já há transmissão comunitária. Não há testes suficientes para todos, segundo o ministério -- ao menos o presidente será testado mais uma vez.

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