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Curso técnico é caminho para reduzir desigualdade, diz Senai

O diretor-geral do Senai disse que o sistema educacional tem um modelo de exclusão social, e que um meio para reduzir essa desigualdade é o ensino técnico


	Alunos em curso técnico: Senai qualifica anualmente 2,3 milhões de trabalhadores
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Alunos em curso técnico: Senai qualifica anualmente 2,3 milhões de trabalhadores (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2014 às 09h23.

Belo Horizonte - O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Rafael Lucchesi, disse que o sistema educacional brasileiro tem um modelo de exclusão social.

"Mais de 80% dos jovens não vão para a universidade e toda a grade curricular deles é pensada como se fossem", acrescentou, em entrevista à Agência Brasil.

Um caminho para reduzir essa desigualdade, segundo Lucchesi, é o ensino técnico.

"A grande parte dos jovens que evade do sistema educacional brasileiro o faz pela falta de aderência do que vê em sala de aula à vida dele. Temos que repensar a grade curricular e, sobretudo, aumentar, como ocorre nos países desenvolvidos, a educação profissional".

Na semana passada, o Senai organizou, em Belo Horizonte, a Olimpíada do Conhecimento, a maior competição de educação profissional das Américas, realizada de dois em dois anos. Essa foi a oitava edição.

Ao todo, mais de 800 jovens participaram da olimpíada e de competições paralelas.

No Brasil, segundo o Senai, a formação técnica chega a 6% dos jovens de 16 a 24 anos.

Nas 34 nações mais desenvolvidas, a média dos jovens fazendo educação profissional é 35%, de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

O objetivo da Olimpíada, segundo o diretor, é estimular os jovens a escolher a educação profissional e a considerar uma carreira em áreas tecnológicas.

Financeiramente, a escolha compensa.

De acordo com Lucchesi, as 21 profissões técnicas mais demandadas pela indústria têm salário inicial de aproximadamente R$ 2 mil.

Com dez anos de profissão, esse salário é um pouco abaixo de R$ 6 mil.

De acordo com ele, o maior público da formação técnica é o jovem de classe C, embora a procura tenha aumentado em todas as idades e classes sociais.

O maior problema continua sendo o preconceito.

"Dos 24 milhões de jovens, menos de 4 milhões irão para a universidade, precisamos alargar bastante a educação profissional, senão eles irão para o mercado de trabalho apenas com a educação regular de má qualidade", diz Lucchesi.

Ele defende que a formação não impede que o jovem continue estudando e que faça, inclusive, um curso superior.

Sobre a formação dada pelo Senai, ele diz que o incentivo à inovação é um dos principais eixos.

"Nosso signo é preparar essa garotada para a inovação, que é a forma de você incrementar, agregar valor aos produtos. A inovação é o principal valor de competitividade em qualquer parque de manufatura do mundo e não é diferente no brasileiro".

Para Lucchesi, o técnico não deve ser um mero "apertador de botão". O modelo precisa ir além da produção em série, em que um trabalhador tem o conhecimento apenas da parte do trabalho que faz.

"Não podemos ter uma lógica estandardizada do padrão fordista de inovação (sistema de produção em massa e gestão idealizados pelo empresário americano Henry Ford) e do modelo taylorista (modelo de administração desenvolvido pelo engenheiro norte-americano Frederick Taylor) das funções de organização da profissão. A gente tem que impulsionar a agenda da inovação para que as pessoas possam ser mais produtivas".

O Senai é o maior complexo de educação profissional e tecnológica da América Latina.

Conta com 797 unidades em todo o país e qualifica anualmente 2,3 milhões de trabalhadores.

É parte integrante do Sistema Indústria – formado ainda pela Confederação Nacional da Indústria, Serviço Social da Indústria e Instituto Euvaldo Lodi.

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