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PR tenta atrair Bolsonaro, mas deputado tem uma condição

Bolsonaro já declarou que pretende deixar seu partido atual, o PSC, por desentendimentos com a cúpula

Bolsonaro: deputado é pré-candidato à presidência e apareceu em quarto lugar nas pesquisas (Antonio Augusto/Agência Câmara)

Bolsonaro: deputado é pré-candidato à presidência e apareceu em quarto lugar nas pesquisas (Antonio Augusto/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de março de 2017 às 09h39.

Última atualização em 21 de março de 2017 às 18h12.

Brasília - O PR vai tentar atrair o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), que já anunciou que pretende deixar sua atual legenda, o PSC, por desentendimentos com a cúpula da sigla.

O parlamentar fluminense é pré-candidato à Presidência da República na próxima disputa, em 2018, e apareceu em quarto lugar na última pesquisa Datafolha, de dezembro do ano passado, com 9% das intenções de voto.

As negociações com Bolsonaro estão sendo conduzidas pela cúpula nacional do PR, partido que tem a quinta maior bancada da Câmara, com 39 deputados.

O parlamentar fluminense já conversou sobre o assunto com o ex-deputado Valdemar Costa Neto (SP), um dos condenados no processo do mensalão e que exerce forte influência na legenda.

Nesta terça-feira, 21,, o deputado se encontrará em Brasília com o atual presidente do PR, o ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues (SP), para tratar do assunto.

Nas conversas que teve até agora com o PR, Bolsonaro tem exigido legenda para concorrer ao Palácio do Planalto em 2018. Dono do sexto maior tempo de TV em 2014 (01'16"04), o partido, porém, ainda não deu essa garantia. Segundo membros da cúpula do PR, está "muito cedo" para definir se a legenda terá candidato próprio à Presidência.

Puxador de votos

Integrantes do PR querem atrair Bolsonaro principalmente pelo potencial de votos que ele traz para eleger candidatos ao Parlamento, foco da sigla em eleições gerais. No pleito de 2014, Bolsonaro foi o deputado fluminense mais bem votado, com mais de 464,5 mil votos. Os filhos dele, que devem migrar para a nova legenda, também são campeões de votos. Carlos Bolsonaro, por exemplo, foi o vereador do Rio mais votado em 2016, com 106,6 mil votos.

"O Bolsonaro é um político hoje inegavelmente de muita força eleitoral. Ele é detentor de uma grande parte do eleitorado brasileiro. Para o PR, seria um grande reforço, na minha primeira avaliação", afirmou o deputado Paulo Feijó (PR-RJ). Ele disse, porém, que a migração de Bolsonaro ainda não foi discutida pelo diretório da legenda no Rio, atualmente comandado pelo ex-governador Anthony Garotinho.

Segundo interlocutores do ex-governador, Garotinho avisou à cúpula do PR que deixará o partido caso Bolsonaro entre. O ex-governador já teria procurado outros partidos. De acordo com o presidente do PDT, Carlos Lupi, Garotinho o procurou há cerca de um mês para negociar a migração. "Ele falou que seria para um projeto de candidatura majoritária, Senado ou governo do Estado. Sondei o pessoal, mas tem muita dificuldade com o pessoal mais histórico do partido", disse Lupi.

Resistência

Bolsonaro também enfrenta resistência entre alguns deputados do PR pelo seu perfil político de direita ultraconservador. Autor de declarações polêmicas, o parlamentar é, por exemplo, contra o aborto e o casamento gay, além de ser réu por incitação ao crime de estupro e injúria. "Meu eleitorado é no limite de centro. Como vou explicar para meus eleitores o Bolsonaro no partido?", afirmou um integrante do PR sob condição de anonimato.

Outros membros do partido, porém, afirmam que a agenda da sigla não é tão distante da de Bolsonaro. Citam pacote de projetos que o atual líder do PR na Câmara, Aelton Freitas (MG), deve protocolar em breve, prevendo, por exemplo, serviço militar obrigatório para adolescentes atestados com mau comportamento pela escola.

Procurado, Bolsonaro não quis comentar a reportagem. Por meio de sua assessoria, o deputado fluminense afirmou que está negociando com vários partidos, entre eles o PR e o PRB. A próxima janela para mudança de partido sem risco de perda de mandato será entre março e abril do próximo ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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