Eduardo Cunha: ele foi tratado como "candidato natural" por correligionários em reunião (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 29 de outubro de 2014 às 15h39.
Brasília - Reconduzido na manhã desta quarta-feira, 29, à liderança do PMDB, o deputado Eduardo Cunha (RJ) recebeu hoje o apoio de sua bancada para concorrer à presidência da Câmara para o próximo biênio.
Numa Casa fragmentada em 28 partidos, Cunha também foi autorizado por seus correligionários a negociar a formação de um bloco parlamentar que amplie a força do PMDB na Câmara ou ao menos mantenha a sigla como a segunda maior bancada.
"A bancada meu deu o respaldo para que, se o PMDB lançar candidato, seria o meu nome a ser apresentado", afirmou Cunha após uma reunião que contou com deputados peemedebistas e parlamentares eleitos para a próxima legislatura.
"Primeiro tem que ter o respaldo da bancada. A bancada me respaldou e a partir daí precisamos buscar o apoio do Parlamento para não ser uma candidatura isolada", acrescentou.
De acordo com ele, só a partir da articulação de um amplo "arco de apoiamento" é que o PMDB decidirá pelo lançamento de uma candidatura.
Embora não tenha se lançado oficialmente para a eleição pelo comando da Câmara, Cunha foi tratado como "candidato natural" por correligionários que participaram da reunião.
"O PMDB sempre discutiu isso. É natural que avance nesse sentido e claro que o nome é Eduardo Cunha", disse o deputado Leonardo Picciani (RJ).
Cunha é um desafeto do Palácio do Planalto por ter liderado neste ano um movimento que impôs duras derrotas ao governo.
Com 70 deputados eleitos, o PT elegeu a maior bancada nestas eleições e também tem reivindicado a presidência da Casa.
Entre os petistas, os nomes mais citados para entrarem no pleito são os de dois ex-presidentes da Câmara: os deputados Marco Maia (RS) e Arlindo Chinaglia (SP).
Se confirmado o confronto com Cunha, a disputa pelo comando da Casa colocará em linha de colisão os dois maiores partidos da base de apoio de Dilma.
Cunha deu o tom hoje do clima que deve marcar a eleição para a Mesa Diretora da Câmara.
"Entendemos que a Casa neste momento não quer uma presidência do PT e não quer uma hegemonia do PT", disparou.
"Não há uma boa harmonia para que o PT consiga impor uma candidatura. Eu acho muito difícil uma candidatura do PT lograr êxito na casa".
A briga entre petistas e peemedebistas deve marcar também o rompimento de um acordo de revezamento entre as duas siglas na presidência da Câmara que remonta a 2006.
Cunha argumentou que, mesmo sendo as duas maiores bancadas, PT e PMDB elegeram juntos menos que 140 representantes, o que não representa um terço do total de cadeiras.
"Não há ânimo da bancada em promoção de nenhum tipo de rodízio", disse o peemedebista.
"Somos um número muito pequeno para impor à Casa uma candidatura em rodízio".
Nos bastidores, Cunha tem trabalhado para se viabilizar como um candidato "do tapete", um concorrente que costura uma malha de apoios de baixo para cima.
Ele tem a seu favor o fato de ter capitaneado neste ano uma rebelião que venceu o Planalto em importantes votações.
Com isso, se cacifou como alguém que valoriza o Legislativo e não atua "a reboque" dos desejos do Executivo.