Após ser preso, Cunha deve demonstrar disposição em delatar ex-aliados do PMDB
Marcelo Ribeiro
Publicado em 19 de outubro de 2016 às 21h08.
Última atualização em 19 de outubro de 2016 às 21h10.
Brasília – Após a prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aumentaram os rumores sobre uma eventual delação premiada do peemedebista. Um interlocutor do ex-deputado afirmou a EXAME.com que detalhes da prisão teriam sido negociados antecipadamente e que ele estaria disposto a fazer uma colaboração com o Ministério Público Federal.
Para que essa delação se confirme, é preciso que os investigadores da Operação Lava Jato aceitem a colaboração - algo que ainda não é consenso dentro do órgão.
Alguns correligionários de Cunha acreditam que ele só se manifestará sobre uma provável colaboração caso sua esposa, a jornalista Claudia Cruz, seja presa também.
Nas últimas semanas, Cunha teria procurado empresários e aliados para pedir ajuda. A iniciativa teria sido interpretada como um recado de que fará delação premiada e que, se ajudado, poderia poupá-los.
De acordo com interlocutores de Cunha, o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Moreira Franco, deve ser o primeiro alvo de uma possível colaboração do ex-deputado.
Em setembro, Cunha afirmou que o programa de concessões do governo Temer "nasce sob suspeição", com risco de escândalo. Ele acusou Moreira Franco de estar por trás de irregularidades no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), que é administrado pela Caixa e financia obras de infraestrutura.
De acordo com o ex-presidente da Câmara, a operação de financiamento do Porto Maravilha foi montada por Moreira Franco. A assessoria de um dos homens mais próximos de Temer negou que haja temor em relação a uma possível delação de Cunha.
Após a prisão de Cunha, parlamentares do PMDB e membros do alto escalão de Temer não esconderam a preocupação e evitaram se pronunciar. Há o temor de que uma eventual delação premiada possa estremecer as estruturas de um governo que já tem sofrido mais baixas do que o normal.