O presidente da Câmara dos Deputados, o evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ) (J.Batista / Câmara dos Deputados/Fotos Públicas)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 21h35.
São Paulo - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou uma comissão especial para acelerar a tramitação de um projeto que reconhece como "família" apenas os núcleos sociais formados a partir da união de um homem e de uma mulher.
Chamado de "estatuto da família", a proposta é de autoria do deputado Anderson Ferreira (PR-PE), da bancada evangélica.
Pelas regras da Câmara, a comissão terá 40 sessões para emitir um parecer sobre a proposta.
Depois, ela segue para o Plenário. Evangélico, Cunha contou com os votos de parlamentares cristãos para se eleger presidente da Casa, no último dia 1º. Ferreira alega que cabe ao Estado "valorizar" e "proteger" o conceito de família.
"Conquanto a própria carta magna tenha previsto que o Estado deve proteger a família, o fato é que não há políticas públicas efetivas voltadas especialmente à valorização da família e ao enfrentamento das questões complexas a que estão submetidas às famílias num contexto contemporâneo", alega o parlamentar na justificativa do texto.
"São diversas essas questões. Desde a grave epidemia das drogas, que dilacera os laços e a harmonia do ambiente familiar, à violência doméstica, à gravidez na adolescência, até mesmo à desconstrução do conceito de família, aspecto que aflige as famílias e repercute na dinâmica psicossocial do indivíduo."
Além de tratar como família apenas a união entre homem e mulher e seus descendentes, o projeto quer determinar que os currículos do ensino fundamental e médio adotem a disciplina "Educação para a família".
As escolas também deverão "formular e implantar medidas de valorização da família no ambiente escolar".
"É um projeto que a sociedade demonstrou querer discutir. Acredito que não haja alteração nesse artigo (que trata da definição de família) porque aumentou a bancada cristã e conservadora", afirmou Ferreira ao jornal "O Estado de S. Paulo".
Ele se diz um "conservador não radical" e é membro da Assembleia de Deus. O parlamentar alegou que o projeto será discutido e que haverá audiências públicas para que opiniões divergentes sejam apresentadas.