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Crise da dívida argentina deve ser levada ao G20, diz Dilma

Presidente manifestou apoio a Argentina e disse que é contra o processo judicial que pode levar o país vizinho a pagar U$ 15 bilhões a fundos abutres


	Dilma Rousseff: presidente pretende levar ao G20 a discussão sobre a dívida argentina
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Dilma Rousseff: presidente pretende levar ao G20 a discussão sobre a dívida argentina (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2014 às 14h31.

Brasília- A presidente Dilma Rousseff disse hoje (17) que pretende levar ao G20 (grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia) a discussão sobre a judicialização da dívida externa da Argentina.

Dilma manifestou apoio a Argentina e disse que é contra o processo judicial que pode levar o país vizinho a pagar cerca de U$ 15 bilhões aos chamados fundos abutres. Para Dilma, o processo tem trazido "instabilidade" à discussão sobre dívidas soberanas.

“Não sei se vocês sabem, mas o Brasil contratou um advogado e entrou como amicus curiae da Argentina nesse processo. Esse processo criou uma instabilidade nas negociações de dívida soberana. Isso é muito grave. Cria incerteza sobre a estabilidade e a segurança jurídica e torna qualquer negociação de dívida soberana um imponderável. Quando você cria um imponderável entre devedores e credores, está contribuindo para desestabilizar o sistema”, argumentou a presidente, em entrevista após reunião da Cúpula Brasil-China e líderes da América Latina e do Caribe, última etapa da 6ª Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizada na tarde desta quinta-feira no Palácio Itamaraty.

A expressão amicus curiae é de origem latina e significa "amigo da Corte". Ela é utilizada quando, mesmo sem ser parte no processo, alguém é chamado ou se oferece para intervir com o objetivo de apresentar a sua opinião sobre o debate travado nos autos.

“Levar para o G20 não é chegar ao G20 e ficar reclamando. É chegar e dizer olha, tem um foco de instabilidade grave no sistema de negociação de dívida soberana que, aliás, em 2011, em 2012 e parte de 2013 foi o tema central da reunião do G20,” observou Dilma. “Levar ao G20 é levar ao fórum que tem tratado disso de forma sistemática, séria, e que viveu e enfrentou uma série de problemas nos últimos tempos”, acrescentou.

Os chamados fundos abutres ganharam na Justiça americana uma disputa para receber integralmente o valor da dívida de bônus da moratória decretada pela Argentina em 2001.

Os papeis foram comprados a preços baixos de investidores que se recusaram a aceitar a proposta de reestruturação da dívida, feita em 2005.

Dilma defendeu regras claras para a negociação das dívidas externas dos países como forma de garantir a estabilidade do sistema financeiro internacional e lembrou que, no caso argentino, de todos os credores, 92% aceitaram a renegociação da dívida com o governo, sem ter que recorrer à Justiça para receber o valor corrigido.

“Nós somos a favor da estabilidade financeira. Achamos que no futuro algum país, como foi o caso da Grécia e de outros países da Europa, pode precisar de negociações de dívida soberana e aí tem que ter regras do jogo claras. Não é possível que haja uma negociação toda e, de repente, se desmonte a negociação porque se cria instabilidade,” criticou.

Ontem, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, agradeceu o apoio do Brics e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na questão com os fundos abutres e disse que seu país passa por um ataque especulativo por parte dos fundos. Cristina pediu ainda o fim do que chamou de "pilhagem internacional em matéria financeira."

*Colaborou Danilo Macedo

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