Trem da CPTM, em São Paulo: ontem, o governador Geraldo Alckmin afirmou que vai afastar todos os funcionários da CPTM e do Metrô envolvidos no caso (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2014 às 08h59.
São Paulo - A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) contestou ontem (11) informações do relatório no qual a Corregedoria-Geral da Administração (CGA), órgão de controle do governo estadual que apura a conduta de agentes públicos.
O relatório sugere o afastamento de 15 funcionários, da CPTM e também do Metrô, envolvidos na investigação sobre formação de cartel em São Paulo. O cartel teria operado entre 1998 e 2008 no setor metroferroviário de São Paulo, período que compreende as gestões dos governadores Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.
O teor do documento, datado do dia 8 de janeiro, foi revelado ontem (11) pelo Estado e contém, entre outros nomes, o do atual diretor de Operação e Manutenção da CPTM, José Luiz Lavorente - único entre os 15 nomes que ainda ocupa um cargo de comando da estatal de trens.
O relatório da Corregedoria aponta acréscimos patrimoniais não esclarecidos, discrepâncias na lista de bens e omissão de informações em depoimentos de cinco pessoas, entre elas Lavorente. Segundo a Corregedoria, "havia discrepância entre a declaração de bens" do diretor da CPTM feito ao Estado em 2005 e a declaração que ele fez à Receita Federal.
Em nota oficial divulgada ontem (11), a CPTM informou que a própria Corregedoria enviou um documento no dia 4 de dezembro a Lavorente no qual concluía que sua "evolução patrimonial, entre 2003 e 2012, estava compatível com seus rendimentos".
A Corregedoria detectou divergências em declarações patrimoniais de outros quatro nomes contidos no relatório: do ex-diretor de Operações do Metrô Décio Tambelli; de Ivan Generoso, ex-assessor do ex-gerente de Manutenção da CPTM Nelson de Carvalho Scaglione; de Dario Juliano Tambellini, assessor do presidente do Metrô; e de Mário Mandelli, atual assessor do gerente de manutenção de material rodante da CPTM.
Desses nomes, o Estado conseguiu contato direto apenas com Décio Tambelli. Ele também afirmou ter em mãos documentos da Corregedoria que comprovavam compatibilidade de seus rendimentos. "Tenho um documento em que a CGA diz que está tudo em ordem. Não entendo absolutamente nada o que está acontecendo", disse o funcionário do Metrô, já afastado do cargo.
Nelson Scaglione também está entre os nomes mencionados no relatório da Corregedoria. No documento, os corregedores apontavam a ligação dele com a empresa Façon, suspeita de intermediar pagamento de propina a agentes públicos.
Em nota, o advogado de Scaglione negou a relação de seu cliente com a empresa e disse que as informações fornecidas por ele à CGA atestam "licitude de sua conduta."
Também citado no relatório, Pedro Benvenuto, já afastado de seu cargo na secretaria executiva de Parcerias Público-Privadas da Secretaria de Planejamento, afirmou por meio de seu advogado "não ter qualquer relação de sua função com as ditas irregularidades investigadas".
No período quando teria operado o cartel, Benvenuto era diretor de Planejamento da CPTM. Segundo sua defesa, ele "apenas assinou o contrato" de um dos consórcios sob investigação.
A reportagem não conseguiu contato com os demais funcionários do Metrô e da CPTM mencionados no relatório. Procurada, a assessoria do Metrô também não se manifestou.
Ontem (11), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que vai afastar todos os funcionários da CPTM e do Metrô envolvidos no caso do cartel e que ainda não foram afastados.
"Eu não recebi ainda (o relatório da CGA). Mas recebendo, nós vamos tomar todas as providências. A maioria (dos citados no documento) já foi afastada. Se tiver alguém que não estiver, vai ser afastado", afirmou, em evento no Palácio dos Bandeirantes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.