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CPI já havia identificado sinais de tortura em Pedrinhas

Cadeia da capital maranhense registrou 60 mortes de presos no ano passado, inclusive com decapitações de detentos


	Penitenciário de Pedrinhas em São Luís (MA): descalabro na penitenciária já dava sinais de que poderia degringolar desde 2008
 (Montelles/Divulgação/SEJAP)

Penitenciário de Pedrinhas em São Luís (MA): descalabro na penitenciária já dava sinais de que poderia degringolar desde 2008 (Montelles/Divulgação/SEJAP)

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Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 20h18.

Brasília - O descalabro na penitenciária de Pedrinhas, a cadeia da capital maranhense onde foram registradas 60 mortes de presos no ano passado, inclusive com decapitações de detentos, já dava sinais de que poderia degringolar desde 2008. Após visitar o estabelecimento, deputados federais relataram, no relatório final da CPI do Sistema Carcerário, uma série de problemas, como superlotação, presos sem receber cuidados médicos e com "marcas de espancamentos".

A visita à penitenciária explicitou a superlotação. Havia na ocasião 692 detentos para 350 vagas. Somente 10 agentes penitenciários no plantão guarneciam a população carcerária, o que deixava cada agente responsável por 69 presos. "Poucos (presos) estudam e apenas 72 trabalham. A arquitetura é antiga e inadequada e o prédio é velho, sem manutenção. As paredes são sujas, os corredores escuros e há lixo em abundância", anotou o relatório.

A comitiva de cinco deputados também constatou que doentes presos com AIDS e tuberculose estavam em celas coletivas, o que revela "ausência de assistência médica". Os parlamentares encontraram detentos com gangrena na perna e banheiros com péssimas condições de higiene.

Os congressistas identificaram vários internos com "marcas de espancamentos, denunciando práticas constantes de tortura". "Uma reclamação geral foi a de penas cumpridas e excesso de prazo na concessão de benefícios", relatou a comissão. Quando da ida dos parlamentares, o Maranhão era comandado pelo governador Jackson Lago (PDT), adversário da família Sarney que posteriormente foi cassado por decisão judicial. Desde então o Estado é governado por Roseana Sarney (PMDB).

Mesmo com esses relatos, o presídio de Pedrinhas não foi sequer incluído na ocasião entre as dez piores unidades prisionais do País. Após visitar 62 estabelecimentos em 17 estados e no Distrito Federal, o campeão foi o Presídio Central de Porto Alegre (RS). Por causa dessa penitenciária gaúcha, o governo brasileiro está sendo cobrado desde o final de dezembro na Corte Interamericana de Direitos Humanos, órgão vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA). O tribunal cobra providências para garantir, entre outras mudanças, o fim da superlotação no local.

Do Maranhão, apenas a Casa de Detenção Masculina consta da lista, em décimo lugar. A CPI sugeriu a responsabilização do Estado maranhense "pela omissão no cumprimento da legislação aplicável à espécie, pelas históricas e continuadas violações aos direitos humanos dos encarcerados e pela precariedade do sistema prisional brasileiro".

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