O presidente da Gaviões da Fiel afirmou que não há a combinação de brigas com torcida adversária durante ou após o jogo (REUTERS/Joao Castellano)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2015 às 14h55.
São Paulo - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo, que investiga a violência entre torcedores, ouviu hoje (21) Danilo Zamboni (diretor-geral da Torcida Independente), Jânio Carvalho Santos (presidente de honra da Mancha Verde) e Rodrigo Fonseca, presidente da Gaviões da Fiel.
Eles representam, respectivamente, as torcidas do São Paulo, Palmeiras e Corinthians, consideradas as três maiores do estado.
A CPI das Torcidas Organizadas foi instalada no dia 6 de agosto e tem por objetivo encontrar possíveis soluções para o problema.
O presidente da Gaviões da Fiel afirmou que não há, por parte de líderes ou integrantes da torcida, a combinação de brigas com torcida adversária durante ou após o jogo.
Segundo ele, o que pode ocorrer é as torcidas se encontrarem no percurso ou no transporte público "e não há como controlar ou prever isso".
De acordo com Rodrigo Fonseca, não é verdade que as torcidas marcam encontro pelas redes sociais, a fim de promover brigas com outras torcidas. Segundo ele, isso é coisa da imprensa.
"Se a imprensa identificou pessoas marcando esses encontros, porque a Polícia não as identifica e prende? A imprensa reproduz o que quer e joga a culpa na torcida organizada. Nenhuma das pessoas identificadas é líder ou integrante de nossa torcida. Quando identificamos, essa pessoa é imediatamente punida e excluída”.
Para o diretor-geral da Torcida Independente, o que ocorre nos estádios e mesmo fora deles é resultado da falta de prevenção há pelo menos 30 anos no estado.
“Hoje, quem faz o trabalho de prevenção são as torcidas organizadas. Mas é necessário uma força-tarefa envolvendo todas as partes. Assim, vamos chegar no objetivo, que é a festa. Não orientamos ninguém a agredir alguém da torcida adversária.”
Segundo Danilo, São Paulo é o único estado onde não são permitidas bandeiras e instrumentos na arquibancada.
“A Polícia Militar (PM) permite uma faixa, oito instrumentos de percussão e, eventualmente, um bandeirão. Tem de ser feito um trabalho coeso. A imprensa tinha de mostrar o outro lado da moeda, como a omissão dos organizadores dos jogos. Precisamos mudar o foco com todos falando a mesma língua”.
O presidente de honra da Mancha Verde destacou que não entende como, mesmo após as reuniões anteriores ao jogo com a PM e os responsáveis pelas empresas de transporte, os ônibus de outras torcidas conseguem entrar no comboio da torcida adversária.
Segundo Jânio Carvalho Santos, as autoridades são informadas sobre o número de torcedores e o trajeto que farão no dia dos jogos.
“Não há boa vontade das pessoas em acabar com a violência. Normalmente jogam a culpa na torcida, porque já existe um preconceito de que torcedor é marginal e gosta de briga. Mas quando individualizamos o torcedor, vemos que há engenheiros médicos, policiais, pessoas que são de boa índole no dia a dia”.
Presidente da CPI, o vereador Laercio Benko (PHS) informou que a CPI não pretende criminalizar as torcidas. “Falta inteligência e organização para coibir a violência, mas não falta vontade de jogar a culpa nas torcidas quando ocorre alguma coisa. Em alguns pontos, a culpa é das torcidas, mas em outros não.”
No dia 12 de agosto a CPI recebeu o major Luiz Gonzaga, comandante do 2º Batalhão de Choque da Polícia Militar e responsável pela segurança nos estádios de futebol.
Na oportunidade, Gonzaga afirmou que a impunidade é o maior problema no combate aos crimes cometidos pelas torcidas organizadas e que a Polícia Militar executa um serviço preventivo para evitar a violência nos estádios.
Além de Laércio Benko, também participam da CPI os vereadores Conte Lopes (PTB), Ota (Pros), Alessandro Guedes (PT), Ricardo Teixeira (PV), Police Neto (PSD), Toninho Paiva (PR), Rubens Calvo (PMDB) e Adolfo Quintas (PSDB).