Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em depoimento à CPI da Covid (Jefferson Rudy/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 8 de junho de 2021 às 16h17.
Última atualização em 8 de junho de 2021 às 17h15.
Em depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira, 8, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que não conta com nenhum médico infectologista na equipe direta. Segundo ele, há especialistas na área que atuam como consultores e ajudam na elaboração dos protocolos, mas nenhum servidor da pasta.
"Nós não temos, no Ministério da Saúde, médicos infectologistas", afirmou Queiroga. Perguntado sobre o assunto pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ministro afirmou que a pasta "tem perdido quadros" ao longo do tempo.
Mesmo sem nomes fixos na área, o ministro afirmou que infectologistas "são ouvidos" pela equipe. Ele citou uma servidora de carreira da Controladoria-Geral da União (CGU) que atua na função de médica infectologista e ajuda a pasta. "O que nós temos são médicos consultores que nos apoiam", explicou.
"Eles participam. Por exemplo, o doutor Clovis Arns, que é o Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, tem atuado juntamente com o professor Carlos Carvalho na elaboração dos protocolos. Há outros colegas que são colaboradores eventuais que eu sempre consulto. Mas há dificuldades", reconheceu Queiroga.
O ministro concordou com Renan, que afirmou que a falta de infectologistas no ministério é "muito grave", ainda mais pela necessidade de formulação de políticas públicas em meio à pandemia de covid-19. "Eu concordo com vossa excelência. Nós precisamos reestruturar", disse Queiroga.
Senadores governistas, no entanto, se manifestaram contra a fala do ministro. Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que há pelo menos sete infectologistas na pasta. Luiz Carlos Heinze (PP-RS) reforçou a fala do colega. "Tem, sim, senhor", disse. "Então, o ministro está mentindo?", questionou Renan.
"O senador Renan perguntou ao ministro se tinha infectologista. O ministro disse que não. Se ele é o ministro e disse que não, não é o senador Marcos Rogério e Luiz Carlos Heinze que vão dizer que tem", interveio o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).
Queiroga encerrou a questão ao reforçar o que disse no início. "Na minha equipe direta, eu não tenho ali nenhum infectologista comigo", afirmou. Em seguida, ressaltou que, mesmo assim, a "credibilidade técnica do Ministério da Saúde está absolutamente intacta entre as sociedades científicas".
"Eu adoto aqui, como já falei para os senhores, uma política de gradualismo. Nós precisamos trazer os médicos mais fortemente para o Ministério da Saúde, precisamos harmonizar as relações entre a classe médica para avançar. Esse é meu objetivo", completou o ministro.