Brasil

Dimas Covas na CPI: Governo tratou de forma diferente Fiocruz e Butantan

A resposta foi dada ao senador governista Marcos Rogério, que o questionou se, na primeira oferta do Butantan feita ao Ministério da Saúde, havia segurança para o governo comprar a vacina

diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)

AA

Alessandra Azevedo

Publicado em 27 de maio de 2021 às 06h00.

Última atualização em 27 de maio de 2021 às 13h27.

Esta reportagem faz parte da newsletter EXAME Desperta. Assine gratuitamente e receba todas as manhãs um resumo dos assuntos que serão notícia.

Em depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que houve tratamento desigual pelo governo federal nas relações com o instituto ligado ao governo de São Paulo e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que oferta a vacina da AstraZeneca. A resposta foi dada ao senador governista Marcos Rogério (DEM-RO), que o questionou se, na primeira oferta do Butantan feita ao Ministério da Saúde, havia segurança para o governo comprar a vacina.

"A AstraZeneca foi contratada em agosto, no mesmo patamar (de informações que tinha sobre a Coronavac). Tratamentos ocorreram de forma diferente, pedimos contratação nos mesmos moldes, houve duas formas de entender as vacinas", afirmou Covas.

Quando uma carta de intenções foi assinada com o Ministério da Saúde no dia 19 de outubro, antes de a negociação paralisar em razão da declaração do presidente Jair Bolsonaro, o Butantan já estava em condições de produção e de receber a vacina, disse o diretor do instituto paulista.

Butanvac

Dimas Covas também afirmou na CPI que o Butantan iniciou conversas preliminares com o governo federal sobre a Butanvac, vacina contra covid-19 que está sendo desenvolvida pelo instituto em parceria com um consórcio internacional. Uma reunião foi realizada na quarta-feira, 26, entre uma diretora do instituto e o Ministério da Saúde.

"Diretora teve ontem uma reunião preliminar com secretário-executivo (do Ministério da Saúde), e já se iniciou uma conversa inicial sobre a possibilidade, mas simplesmente inicial, não houve documentação trocada", disse ele.

Acompanhe ao vivo:

yt thumbnail

O depoimento do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Élcio Franco, que estava marcado para esta quinta-feira, será adiado. Ele informou à CPI que ainda está se recuperando, depois de ter sido diagnosticado com covid-19. Os senadores ainda não definiram uma nova data para ouvi-lo. 

Na quarta-feira, 26, a comissão aprovou a convocação de nove governadores e a reconvocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e do ex-ministro da pasta Eduardo Pazuello. Os dois serão questionados sobre falas que foram desmentidas em depoimentos de outras testemunhas e sobre informações novas que surgiram depois que eles foram ouvidos.

Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentaram requerimentos para chamar Queiroga novamente. O primeiro argumentou que o depoimento anterior “foi lacônico em muitos aspectos, inclusive e sobretudo porque alegou estar há poucos dias na condição de ministro da Saúde”. 

Além disso, o depoimento, segundo Humberto Costa, “foi contraditório em diversos aspectos”. Um deles teria sido quando Queiroga disse que não houve indicação do uso da cloroquina para tratamento da covid-19 durante a gestão dele. O ministério, entretanto, ainda não revogou uma portaria que orienta o uso da medicação, “mesmo sabendo-se que ela não possui eficácia”. 

Já Jereissati aponta que, embora Queiroga tenha dito à CPI que recomenda distanciamento social e uso de máscara para evitar a disseminação do vírus, o presidente Jair Bolsonaro continua se posicionando em sentido contrário. Por isso, o ministro deve ser chamado a “esclarecer que procedimentos legais ou administrativos sob seu alcance deveriam ser tomados a fim de fazer valer suas determinações”. 

Em relação a Pazuello, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), um dos que apresentaram requerimentos para reconvocá-lo, afirma que o depoimento do ex-ministro nos dias 19 e 20 de maio “foi permeado por diversas contradições verificadas com documentos e informações disponibilizados à CPI e mesmo publicamente divulgados”. 

Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acrescenta, em um outro requerimento, que Pazuello mentiu quando declarou, por exemplo, que sempre foi favorável ao uso de máscaras e ao isolamento social. Pouco depois do depoimento, “o general da ativa decidiu participar de manifestação convocada pelo presidente sem as devidas precauções”, lembrou o senador.

Governadores na mira

O objetivo, ao chamar governadores, é acabar com as alegações de que o "foco" da comissão é derrubar o presidente Jair Bolsonaro. Mesmo com as divergências entre especialistas sobre a possibilidade de obrigar que chefes de outros poderes prestem depoimento à CPI, a maioria dos senadores decidiu convocá-los para tratar de um assunto específico: o repasse de recursos públicos.

Estão na lista Wilson Lima (PSC), do Amazonas; Helder Barbalho (MDB), do Pará; Mauro Carlesse (PSL), de Tocantins; Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina; Antonio Denarium (PSL), de Roraima; Waldez Góes (PDT), do Amapá; Marcos Rocha (sem partido), de Rondônia; e Wellington Dias (PT), do Piauí; e Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal.

Além dos governadores, foram chamados o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) e a vice-governadora de Santa Catarina, Daniela Reinehr (PSL). O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PSC), não foi convocado porque, segundo o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), ele "não era governador à época" dos fatos.

Com informações do Estadão Conteúdo

Acompanhe tudo sobre:CongressoCoronavírusCPI da CovidExame HojeGoverno BolsonaroInstituto ButantanPandemiaSenado

Mais de Brasil

Enem 2024: prazo para pedir reaplicação de provas termina hoje

Qual é a multa por excesso de velocidade?

Apesar da alta, indústria vê sinal amarelo com cenário de juros elevado, diz economista do Iedi