CPI da Covid ouve sócio da Precisa Medicamentos nesta quinta-feira (Marcos Oliveira/Agência Senado)
Alessandra Azevedo
Publicado em 14 de junho de 2021 às 06h00.
Última atualização em 14 de junho de 2021 às 06h30.
A CPI da Covid ouve nesta semana o ex-secretário da Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo; o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel; e o empresário Carlos Wizard. Primeiro da lista, Campelo prestará depoimento na terça-feira, 15. Witzel está previsto para quarta-feira, 16, e Wizard, quinta-feira, 17.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, se recusou a prestar depoimento, na última quinta-feira, 10. A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu que ele não fosse interrogado pela CPI, por ser investigado em caso de desvio de verbas públicas destinadas ao enfrentamento à covid-19.
O ex-secretário de Saúde do Amazonas será questionado sobre a investigação, da qual ele também é alvo. Campelo foi preso na semana passada pela Polícia Federal por suspeita de favorecimento a empresários no aluguel de hospital de campanha no Amazonas.
Campelo também será perguntado sobre o colapso de saúde ocorrido no estado em janeiro deste ano, quando ele ainda era secretário de Saúde, com falta de oxigênio medicinal para pacientes com covid-19, que resultou em mortes por asfixia.
Em um dos requerimento de convocação de Campelo, apresentado por Marcos Rogério (DEM-RO), o senador afirma que é um dos deveres da CPI "esclarecer os fatos no tocante ao colapso da saúde no estado do Amazonas no começo do ano, ao enfrentamento da pandemia pelo governo federal, bem como fiscalizar a aplicação de recursos federais por estados e municípios no combate à pandemia".
Já Witzel, ex-governador do Rio, primeiro governador a ser cassado no país, precisará explicar à CPI, na quarta-feira, 16, suposta participação em esquema criminoso que desviava recursos públicos da saúde. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), no pedido de convocação, lembra que o ex-governador participou da divisão de propinas.
"O então governador Wilson Witzel supostamente recebia pagamentos advindos de esquemas ilegais de todas as pastas do Estado. Com base nos dados levantados pelo MPF, se contabilizarmos apenas os valores ilícitos da Saúde, Witzel teria recebido em um ano R$ 20 milhões em propina", aponta Randolfe.
O empresário Carlos Wizard, que será ouvido na quinta-feira, 17, é suspeito de integrar o gabinete paralelo do presidente Jair Bolsonaro, que o assessorava a respeito de medidas de combate à covid-19. Os senadores cogitam a condução coercitiva de Wizard, que mora nos Estados Unidos e não tem respondido às solicitações da CPI.
Caso Wizard não vá na quinta-feira, a comissão deve chamar o auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo, responsável por ter inserido no sistema da Corte um estudo paralelo afirmando que metade das mortes por covid-19 ocorreram por outros motivos.
Também estão previstas oitivas dos médicos Ricardo Dimas Zimmermann e Francisco Eduardo Cardoso Alves, na sexta-feira, 18. Os dois defenderam o "tratamento precoce" contra a covid-19, com cloroquina e ivermectina, mesmo sem comprovação de eficácia.