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CPI da Covid convoca advogada de Bolsonaro a prestar depoimento

Senadores apontam ligações entre Karina Kufa e pessoas com negociações com o Ministério da Saúde

A CPI também aprovou a reconvocação do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva (Reprodução/YouTube)

A CPI também aprovou a reconvocação do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva (Reprodução/YouTube)

AO

Agência O Globo

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 14h11.

Última atualização em 1 de setembro de 2021 às 02h50.

A CPI da Covid aprovou nesta terça-feira a convocação de Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro. Segundo o autor do requerimento, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ela está sendo chamada não por ser advogada de Bolsonaro, mas pelas relações que tem com pessoas suspeitas de envolvimento em irregularidades no Ministério da Saúde.

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"No depoimento de Ricardo Santana, esta Comissão Parlamentar de Inquérito trouxe luz a um esquema de corrupção no Ministério da Saúde. A pasta foi transformada em um verdadeiro balcão de negócios, que segue atuando mesmo diante da maior crise sanitária de todos os tempos. O depoimento da advogada Karina Kufa é de extrema importância para os trabalhos desta CPI, uma vez que pode esclarecer sua participação e de outros personagens do seu círculo de amizades nas negociações envolvendo contratos como Ministério da Saúde, razão pela qual, peço a aprovação do presente requerimento", argumentou Randolfe no requerimento.

A CPI também aprovou a reconvocação do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva. Ele foi liberado de prestar depoimento nesta terça-feira pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Nunes Marques. Reportagem do Jornal de Brasília mostrou que o motoboy sacou um total de 4,74 milhões de reais para a VTC Log, uma empresa de logística com contratos no Ministério da Saúde e responsável pelo transporte de insumos, inclusive vacinas.

Ao STF, a defesa alegou não haver relação entre Ivanildo e as investigações da CPI. A comissão discorda e, no novo requerimento, de autoria do senador Randolfe Rodrigues, fez uma ressalva. O motoboy deverá falar sobre "tudo o que disser respeito, direta ou indiretamente, ao armazenamento e transporte de imunizantes contra covid-19".

A CPI também aprovou o requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) para quebrar os sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático da VTC desde janeiro de 2018.

Advogada de Bolsonaro

Na quinta-feira da semana passada, senadores perguntaram a José Ricardo Santana, que prestava depoimento, se ele tinha conhecido Marconny Albernaz de Faria, que atuaria como lobista da Precisa Medicamentos, durante um jantar na casa de Karina. A Precisa é suspeita de irregularidades na negociação de vacinas com o Ministério da Saúde.

José Ricardo disse não se lembrar. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), citou então um diálogo travado entre eles. "Marconny, foi um prazer te conhecer hoje na casa da Karina. Aliás, ela me passou seu telefone. Obrigado pelo bate-papo agradável. Se eu puder te ajudar em algo, conte comigo. Boa noite." Em seguida, o depoente, que já tinha dito conhecer Karina, alegou que apenas não se lembrava em que ambiente havia conhecido Marconny. Os senadores também perguntaram se Jair Renan, filho de Bolsonaro, estava no jantar, mas ele disse não se lembrar.

Na segunda, Karina soltou nota afirmando que, "no momento oportuno", buscará "reparação na Justiça contra todos aqueles que, de má-fé, propagam insinuações maliciosas e produzem fake news para manchar o meu nome". Para Karina, seu nome foi mencionado de forma irresponsável pela oposição para tentar desgastar Bolsonaro.

"Não advogo para nenhuma empresa contratada na pandemia e não conheço os representantes da Precisa Medicamentos. Considero importante destacar também que: 1) Fazer churrasco não é crime; 2) Conhecer pessoas não é crime; 3) O anfitrião não está obrigatoriamente vinculado aos atos, anteriores ou posteriores, dos convidados", diz trecho da nota da advogada.

Ela também reclamou que integrantes da CPI tentaram vinculá-la "de forma irresponsável às supostas irregularidades na compra de vacinas pelo Ministério da Saúde" e avaliou que "os malabarismos verbais, os comentários maliciosos e sem qualquer fundamento" pareceram ser "uma manobra da oposição para desgastar o presidente da República".

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