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CPI: Brasil poderia evitar até 400 mil mortes por covid, diz pesquisador

Epidemiologista Pedro Hallal, que coordena centro de estudos do quadro da doença no país, afirmou que quatro em cada cinco mortes ocorridas pela doença estão "em excesso"

Depoente Pedro Hallal,  epidemiologista, pesquisador e professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), chega à sala da CPI para o início da reunião.
 (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Depoente Pedro Hallal, epidemiologista, pesquisador e professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), chega à sala da CPI para o início da reunião. (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

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Alessandra Azevedo

Publicado em 24 de junho de 2021 às 12h17.

Última atualização em 24 de junho de 2021 às 13h42.

O epidemiologista Pedro Hallal afirmou nesta quinta-feira, 24, à CPI da Covid, que o Brasil poderia ter evitado 400 mil mortes pela covid-19, se tivesse seguido as medidas de contenção da doença adotadas por outros países. De acordo com levantamento levado por ele, quatro de cada cinco mortes “estão em excesso”, considerando o tamanho da população brasileira.

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O epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal, que coordena um centro de estudos do quadro da doença no Brasil, apresentou dados afirmando que quatro de cada cinco mortes pelo novo coronavírus Brasil estão em "excesso", ou seja, poderiam ter sido evitadas se o País seguisse as políticas adotadas na média em outros países.

Hallal afirmou que, no Brasil, desde o começo da pandemia, morreram 2.345 pessoas para cada 1 milhão de habitantes. “No mundo, é menos do que 500”, apontou. “Quatro de cada cinco mortes teriam sido evitadas se estivéssemos na média mundial. Não é se estivéssemos com um desempenho maravilhoso, como a Nova Zelândia, Coreia, Vietnã. Se estivéssemos na média, teríamos poupado 400 mil vidas”, disse.

Embora tenha 2,7% da população mundial, o Brasil concentra cerca de 13% das mortes por covid-19 no mundo desde o começo da pandemia, disse o epidemiologista. “Ontem, uma de cada três pessoas que morreram por covid no mundo foi no Brasil”, disse, lembrando que 33% das mortes pela doença nesta quarta-feira, 23, aconteceram no país.

“É tranquilo de se afirmar que quatro de cada cinco mortes no Brasil estão em excesso, considerando o tamanho da nossa população”, reforçou Hallal, que é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordena um centro de estudos do quadro da doença no Brasil. Ele foi convidado à CPI a pedido do relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

A diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, coordenadora do Movimento Alerta, também ouvida pela CPI nesta quinta-feira, apontou que o Brasil contabilizou 305 mil mortes em excesso nos 12 primeiros meses da pandemia -- ou seja, número a mais do que era esperado para o período -- e 120 mil evitáveis por covid-19.

Se medidas não farmacológicas intensas tivessem sido aplicadas de forma sistemática no país, os níveis de transmissão poderiam ter caído cerca de 40%, segundo o estudo. Assim, 120 mil mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil. “Havia outras medidas que poderiam e deveriam ter sido adotadas, e essas, se fossem adotadas, salvariam vidas”, disse Werneck.

 

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