(PhonlamaiPhoto/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 5 de fevereiro de 2022 às 12h30.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2022 às 13h29.
As secretarias estaduais de saúde de São Paulo e do Rio de Janeiro informaram ter detectado quatro casos da subvariante BA.2 da Ômicron no Brasil - dois em cada Estado. A linhagem que rapidamente se tornou dominante na Dinamarca, pode ser mais contagiosa do que a mais comum, a BA.1.
Relatório divulgado pela Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na sexta-feira, 4, mostrou que a Ômicron domina completamente o cenário epidemiológico da covid-19 no Brasil. De acordo com a publicação, enquanto em dezembro a variante Ômicron representou 39,4% de todos os genomas sequenciados, em janeiro de 2022 esse índice saltou para 95,9%, sendo encontrada em todas as regiões do País.
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que foram identificados dois casos do subtipo BA.2 da variante Ômicron na última semana. As amostras foram verificadas em Sorocaba e em Guarulhos. A pasta disse que os casos são leves e os pacientes não aprensentam histórico de viagem.
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No Rio, desde 19 de dezembro de 2021, foram identificados por sequenciamento genômico 806 casos da variante Ômicron. Desses, dois foram causados pela subvariante. "Os casos foram encaminhados e estão em investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde", informou, em nota.
A secretaria fluminense ainda destacou que ainda não há estudo que "aponte as subvariantes da Ômicron como mais transmissíveis ou agressivas".
Ambas as pastas da saúde estaduais reforçaram a importância da população completar o esquema vacinal contra a covid, além da manutenção de medidas preventivas não farmacológicas, como uso de máscara e o distanciamento social.
A linhagem BA.2 da Ômicron é uma mutação do vírus Sars-Cov-2, causador da covid-19, detectada primeiramente nas Filipinas, em novembro do ano passado. Ela tem cerca de 20 mutações diferentes com relação à BA.1, primeira identificada, e já foi detectada em mais de 50 países, mas chamou atenção particularmente na Dinamarca.
Isso porque, em território dinamarquês, desde a segunda semana de janeiro, o subtipo se tornou prevalente. Estudos preliminares do do Statens Serum Institut (SSI), principal autoridade de doenças infecciosas da Dinamarca, indicaram que a linhagem pode ser 1,5 vezes mais infecciosa que a BA.1. Porém, a análise inicial do instituto não identificou diferença no risco de internação.
Diferente da variante Ômicron com a Delta, o subtipo não apresenta mutações na estrutura genética que a distinguem de maneira relevante da linhagem identificada na África do Sul. Por isso, é considerada uma "irmã" da BA.1 e não é classificada até o momento como uma nova variante de preocupação.
Para especialistas ouvidos pelo Estadão, a aparição da subvariante e a sua prevalência mostra um comportamento esperado dos vírus, que sofrem contínuas mutações. Isso aconteceu anteriormente com outras variantes (a Delta tem mais de 120 linhagens identificadas pelos cientistas, por exemplo) e vai continuar acontecendo com a Ômicron. No entanto, não significa necessariamente que todos os subtipos vão causar um impacto na saúde pública, como causou a Gama, a Delta e, agora, a Ômicron.
Um subtipo da variante Ômicron, designada como BA.2, vem aparecendo na mídia após uma alta no número de casos na Dinamarca e nos Estados Unidos
A subvariante é 1,5 vez mais contagiosa que sua cepa original e já foi investigada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, que acredita que a circulação do vírus no país norte-americano é baixa — ao todo, são 194 casos até 23 de janeiro.
A BA.2 vem da linhagem da Ômicron. A cepa extremamente transmissível e responsável por grande parte dos casos mundiais hoje já possui quatro sublinhagens: BA.1 (original), BA.1.1, BA.2 e BA.3.
Nada indica que a BA.2 seria mais resistente às vacinas ou teria sintomas mais graves. “Atualmente, não há evidências de que a linhagem BA.2 seja mais grave do que a linhagem BA.1”, disse a porta-voz do CDC, Kristen Nordlund.
Apesar de ter sido detectada inicialmente na Austrália, África do Sul e Canadá, a BA.2 explodiu na Dinamarca ao longo de algumas semanas. Atualmente, o país conta com 20.132 casos registrados, e o governo dinamarquês afirmou que não há diferença em hospitalizações em comparação com a BA.1.
A variante BA.2 conta com cinco mutações únicas em uma parte fundamental da proteína spike, responsável por conectar o vírus nas células humanas. Mutações nesta parte são frequentemente associadas a uma maior transmissibilidade.
Além disso, ela não conta com a mutação H69-V70, como é o caso da Ômicron, que facilita a identificação da cepa na hora de fazer o sequenciamento genético.
O diagnóstico não é afetado — ou seja, o paciente não receberá um falso-negativo —, mas centros responsáveis pelo mapeamento do vírus, como o Outbreak Info, tem dificuldade em identificar o BA.2 por conta da ausência da mutação.
Vale ressaltar que mutações e novos tipos de variantes são esperados dentro do contexto de pandemia. O vírus tem como objetivo achar novas formas de se propagar para sobreviver, portanto, a BA.2 não deve ser encarada com medo — a própria OMS não a classificou como uma variante de preocupação, como é o caso da Delta ou da própria Ômicron.
Porém, Maria Van Kerkhove, líder técnica da covid-19 da agência, já alertou que a próxima variante será ainda mais transmissível que a BA.1 original. “A próxima variante de preocupação será mais transmissível, porque terá que ultrapassar o que está circulando atualmente”, disse Van Kerkhove. “A grande questão é se as variantes futuras serão ou não mais ou menos severas.”
(Com informações do Estadão Conteúdo)