Brasil: Bolsonaro afirma que "segunda onda" de desemprego causará "recessão gravíssima" (Isac Nóbrega/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de abril de 2020 às 11h18.
Última atualização em 29 de abril de 2020 às 14h16.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (29) que não se responsabiliza pelas mortes pela covid-19. Segundo ele, "a conta" deve ser direcionada para os governadores e prefeitos que adotaram medidas de restrição. Ele citou em especial João Doria (PSDB), governador de São Paulo, estado mais afetado pela doença.
"Não adianta a imprensa querer colocar na minha conta essas questões que não cabem a mim", destacou. "O Supremo (Tribunal Federal) decidiu que quem decide essas questões (sobre restrição) são governadores e prefeitos", disse.
Na terça-feira, uma fala do presidente repercutiu após ele ser questionado sobre o número recorde de mortos pelo novo coronavírus registrado nesta terça-feira (28). "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", respondeu sobre os números. Bolsonaro chegou a dizer, depois, que se solidarizava com as pessoas que perderam familiares por conta da doença, mas complementou: "É a vida. Amanhã vou eu".
Bolsonaro hoje voltou a lamentar o número de mortes, mas ressaltou que "sabia que ia acontecer". O chefe do Executivo destacou o impacto da pandemia na atividade econômica, repetindo que sua preocupação sempre foi "vidas e emprego".
Bolsonaro falou que a "segundo onda" do desemprego provocará uma "recessão gravíssima". Ele citou as ações do governo de combate a covid-19, como o pagamento do auxílio emergencial e a liberação de recursos extras para a Saúde.
"O que estou fazendo é sugerir ao Ministério da Saúde medidas para a gente voltar rapidamente, tá? Com responsabilidade, (voltar) a uma normalidade. Como disse um parlamentar aqui, os países que adotaram o isolamento horizontal foi onde mais faleceram (sic) gente", disse.
Bolsonaro estava acompanhado de deputados do PSL, seu antigo partido, que defenderam o presidente, o fim do isolamento social e retomada do trabalho. Nesta quarta, o presidente recebeu os parlamentares da legenda para um café da manhã no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro reforçou ainda seu posicionamento contrário a prisões feitas em Estados em função de quebra do isolamento. Segundo ele essa era uma cobrança que fazia ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro. "Vou divulgar agora a última, penúltima, reunião de ministros onde cobrei isso dele (sobre prisões por medidas de restrição)", declarou.