Queda dos indicadores de inflação ocorreu por uma série de cortes de impostos sobre combustívei (Buda Mendes/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 13 de agosto de 2022 às 14h14.
A classe média brasileira é a que mais se beneficiou dos cortes de impostos sobre a gasolina estimulados pelo presidente Jair Bolsonaro, enquanto o custo maior de alimentos eleva a dor dos pobres e as passagens aéreas mais caras pesam no orçamento dos ricos.
Os preços ao consumidor caíram 0,83% para a classe média em julho, acima da queda mensal de 0,68% registrada pelo IPCA, de acordo com dados publicados nesta sexta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Em comparação, os mais pobres experimentaram uma queda mais modesta nos preços, de 0,34%, e os mais ricos, um recuo de 0,42%.
A queda dos indicadores de inflação em julho no Brasil ocorreu por uma série de cortes de impostos sobre os combustíveis impulsionados por Bolsonaro, que tenta aliviar o impacto do aumento do custo de vida -- uma das principais queixas da população antes das eleições de outubro.
A inflação acumulada em doze meses, no entanto, permanece acima de 10% e o alívio pode ser apenas temporário, uma vez que os impostos provavelmente voltarão a aumentar em 2023.
Como parte do pacote de benefício social, Bolsonaro também teve luz verde do congresso para aumentar as transferências do Auxílio Brasil para os pobres de R$ 400 para R$ 600, o que provavelmente sustentará a demanda, apesar do agressivo aperto monetário promovido pelo Banco Central.
O que mais prejudica os pobres são os aumentos acentuados nos preços do principais alimentos básicos, que consomem em média 29% de seu orçamento - incluindo o leite, que se tornou 25% mais caro no ano passado, além do ovo e do pão, que saltaram 19% e 17% em preço, respectivamente.
Os mais ricos, por outro lado, gastam apenas 13% de seu orçamento em alimentação. Já os custos com transporte respondem por 28% da renda das classes mais altas, mas 14% das mais pobres.