Dilma e Rafael Correa: "Não se pode destituir uma presidente democraticamente eleita com mais de 50 milhões de votos" (Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de junho de 2016 às 20h10.
O presidente do Equador, Rafael Correa, advertiu nesta quarta-feira que seu governo "reagirá com a maior radicalidade" se a presidente Dilma Rousseff, afastada temporariamente, for destituída ao final do processo de impeachment.
"Se a presidente democraticamente eleita, Dilma Rousseff, for afastada definitivamente de seu cargo, pelo menos o Equador reagirá com maior radicalidade", disse Correa em um encontro com a imprensa estrangeira.
"O que está acontecendo no Brasil é muito grave para o Brasil, mas para a democracia na região é um precedente funesto", acrescentou.
Em maio, Quito chamou para consultas seu embaixador no Brasil, Horacio Sevilla, e emitiu um comunicado no qual apelou à "plena vigência e preservação" da ordem constitucional naquele país.
"Nós tomamos algumas medidas e eu penso que a Unasul (União de Nações Sul-americanas) reagirá mais radicalmente quando acabar o devido processo", disse Correa, avaliando que "não há nenhuma acusação concreta" contra Dilma Rousseff.
A presidente, acusada de "crime de responsabilidade" por encobrir déficits orçamentários, foi afastada temporariamente pelo Senado em 12 de maio para ser submetida a um julgamento político no qual poderá ser destituída.
"Não se pode destituir uma presidente democraticamente eleita com mais de 50 milhões de votos e com grande maioria no Congresso, no Senado e mais ainda com a traição do vice-presidente e seu partido", afirmou o presidente equatoriano.
Dilma Rousseff foi substituída interinamente pelo vice-presidente Michel Temer, que concluirá o mandato em 2018, caso ela seja destituída.
O processo de impeachment foi autorizado por mais de dois terços da Câmara e avalizado por mais da metade do Senado.