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Corpo de estudante morta na Nicarágua chega na próxima sexta-feira

Estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta na noite do dia 23 de julho com um tiro no peito disparado por suposto grupo de paramilitares

Funeral será no Cemitério Morada da Paz, na região metropolitana do Recife (Arquivo pessoal/Direitos reservados/Agência Brasil)

Funeral será no Cemitério Morada da Paz, na região metropolitana do Recife (Arquivo pessoal/Direitos reservados/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 31 de julho de 2018 às 19h07.

O corpo da estudante pernambucana assassinada na cidade de Manágua, na Nicarágua, no último dia 23, Raynéia Gabrielle Lima, chegará ao Recife na madrugada da próxima sexta-feira (03). O anúncio foi feito durante coletiva de imprensa na tarde de hoje (31) pelo secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico.

O funeral será no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana do Recife, às 1h, do mesmo dia.

De acordo com o secretário, o corpo sairá de Manágua às 14h30, com parada na capital do Panamá, de onde parte às 18h15, sempre no horário de Brasília, com destino ao Brasil. A chegada ao Recife está prevista para as 00h35 da sexta-feira. "O governo de Pernambuco conclui definitivamente a sua participação neste caso, no que tange ao translado do corpo de Raynéia para o Brasil", afirmou Eurico.

Segundo o secretário, as despesas do traslado, que estão sendo custeadas pelo governo de Pernambuco, totalizaram R$ 16.273,16.

O secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco disse, durante a coletiva, que as despesas deveriam ser arcadas pela União, que não se mostrou disponível para colaborar neste sentido. "Essa era uma obrigação do Estado Brasileiro, que teve que ser assumida pelo governo de Pernambuco", afirmou. Ele disse ainda que o Centro Estadual de Apoio às Vítimas de Violência (CEAV), que presta apoio psicológico e jurídico à mãe de Raynéia, Maria José da Costa, auxiliará no transporte da aposentada ao Recife para receber o corpo da filha.

Explicações do Itamaraty

Por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores explicou que empenhou-se para que todas as providências relativas à liberação do corpo da estudante brasileira pudessem ocorrer da maneira mais rápida possível. Ainda de acordo com o ministério, a Embaixada do Brasil em Manágua manteve contato com as autoridades locais envolvidas no caso e expediu prontamente a documentação pertinente, além de ter prestado apoio consular aos familiares da cidadã falecida.

"No caso de brasileiros falecidos no exterior, no entanto, não existe previsão legal para que o governo federal custeie o repatriamento dos restos mortais. Nesse sentido, os esforços do governo de Pernambuco foram fundamentais para que o corpo de Raynéia pudesse ser trasladado para o Brasil", diz o texto enviado pelo Itamaraty.

Entenda o caso

A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta, na noite de segunda-feira (23) da semana passada, com um tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, foi disparado por um "um grupo de paramilitares" no sul da capital Manágua.

A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram desde abril. Os manifestantes pedem a saída do presidente Daniel Ortega, que se mantém há 11 anos no poder, em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.

O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de o reitor participar de um fórum no qual disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua, antes da explosão dos protestos contra Ortega, em abril, "era parte de uma farsa" porque "nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça".

O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinatos, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias ocorridas em território nicaraguense.

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