Covid-19: Teich será interrogado sobre quais ações serão tomadas para socorrer estados e municípios (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2020 às 06h24.
Última atualização em 29 de abril de 2020 às 18h55.
Doze dias após tomar posse como ministro da Saúde, Nelson Teich enfrenta nesta quarta-feira, 29, sua primeira batalha no Congresso Nacional. Ele será interrogado por senadores sobre quais ações serão providenciadas pela pasta para socorrer os estados, o Distrito Federal e os municípios no combate à covid-19.
A tarefa é especialmente espinhosa porque acontece um dia após o Brasil anunciar um número recorde de mortos diários pela covid-19, 474, o suficiente para o país passar a China no número total de vítimas fatais, 5.017. São números que levaram o ministro a reconhecer, ontem, que a situação está se agravando. Questionado sobre o tema, o chefe de Teich, Jair Bolsonaro, disse ontem à noite uma frase que tende a ficar marcada na história: “E daí? Lamento. Quer que faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre”.
A sessão desta tarde será virtual. Por ser um convite, Teich não é obrigado a aceitar, mas ele confirmou ontem que participará da reunião. Desde que assumiu o cargo no dia 16, Teich vem sendo cobrado por parlamentares a definir estratégias para enfrentar a pandemia.
Teich também deve dar hoje um importante passo como chefe da pasta. Está marcada uma reunião em Brasília com Alberto Beltrame, secretário de Saúde do Pará e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, e Wilames Freire, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde.
Nos últimos dias, ele vem sendo cobrado por secretários de Saúde por não manter uma interlocução com estados e municípios no momento mais crítico da covid-19. Após a reunião de hoje, o ministro falará na quinta-feira 30 com os demais secretários por meio de videoconferência.
Com o agravamento da doença em todo o país, os sistemas públicos de saúde estão lutando contra o tempo para garantir o recebimento de equipamentos de proteção e, principalmente, de respiradores para evitar um colapso. São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará e Amazonas são os estados que mais preocupam, já que as regiões metropolitanas de todos eles já têm mais de 70% dos leitos ocupados.
Uma preocupação adicional é a perda de apoio ao isolamento social, como mostra pesquisa de hoje do Datafolha. Apenas 52% dos brasileiros acreditam que todos deveriam ficar em casa, enquanto 46% acham que quem está fora dos grupos de risco deveria sair para trabalhar. É o “e daí” ganhando força além do Palácio do Planalto.