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Corintianos presos na Bolívia correm risco de vida

Integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado e diplomatas brasileiros foram até o interior da Bolívia, nesta terça-feira, para avaliar a situação dos torcedores


	12 corintianos foram presos durante as investigações da morte do torcedor boliviano atingido por um sinalizador em partida da Libertadores
 (REUTERS / Daniel Rodrigo)

12 corintianos foram presos durante as investigações da morte do torcedor boliviano atingido por um sinalizador em partida da Libertadores (REUTERS / Daniel Rodrigo)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 09h05.

São Paulo - Os 12 torcedores corintianos presos na penitenciária San Pedro, em Oruro, na Bolívia, não foram torturados, mas correm risco de atos de violência dos presos bolivianos.

Além disso, a questão virou um problema diplomático entre Brasil e Bolívia.

Essas foram as principais conclusões tiradas por integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado e diplomatas brasileiros que foram até o interior da Bolívia, nesta terça-feira, para avaliar a situação dos corintianos que estão presos desde o dia 21 de fevereiro, acusados de envolvimento na morte do torcedor Kevin Espada, atingido por um sinalizador na partida entre San Jose e Corinthians, pela Libertadores. Já são 34 dias de cárcere.

"Conversei com cada um dos 12 presos abertamente, de maneira objetiva, e eles disseram que não houve tortura. O problema é eles têm medo de se misturarem com os outros presos, estupradores, assassinos e traficantes", afirmou o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da comissão, que esteve em Oruro.

"O governo brasileiro precisa subir o tom e encarar essa questão como um problema diplomático. Caso contrário, eles vão ficar aqui (Oruro) para sempre", disse o parlamentar.

A próxima providência da comissão, em conjunto com a Embaixada do Brasil em La Paz, será agendar uma reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ainda nesta semana para decidir as medidas que o governo brasileiro pode tomar para agilizar o andamento do processo. Desse encontro deve participar também o presidente do Corinthians, Mario Gobbi.

A assessoria do clube confirmou que, no próximo dia 2, Gobbi se reunirá com Antônio Patriota, ministro das Relações Exteriores.


Hoje, os 12 corintianos estão separados dos demais presos. Eles estão divididos em duas celas de uma ala reservada com outros 40 detentos. O maior problema são as condições de higiene. A ala possui um único banheiro, sem chuveiro e privada (há apenas um buraco no chão).

De fora da cadeia, os brasileiros recebem comida e água com frequência e têm aparelhos de som. Por causa do uso de celulares, seis deles foram punidos no início do mês e passaram três dias no calabouço - celas apertadas, sem banheiro e iluminação.

Voltar ao calabouço, inclusive, é o maior temor dos corintianos. "Tem preso boliviano que usa droga na cadeia. Meu sobrinho me disse que se eles saírem da ala reservada e ficarem misturados, esse pessoal pode querer roubar as coisas deles, arrumar confusão. Se os brasileiros revidarem, vão para o calabouço", contou Marisa, tia de Hugo Nonato, um dos 12 presos.

DEFESA - A fim de tentar agilizar o processo, os familiares dos torcedores decidiram contratar um escritório especializado em direito internacional e a advogada Maristela Basso assumiu o caso.

O grupo tomou a iniciativa porque desde que o pedido de liberdade condicional foi negado, no último dia 12, os avanços na defesa não foram significativos.

Parte do problema é a burocracia. O Ministério Público de São Paulo atendeu às solicitações da Justiça boliviana e encaminhou as fichas de antecedentes criminais dos torcedores presos e uma cópia do vídeo da entrevista que identifica o autor do disparo - um jovem de 17 anos, sócio da Gaviões da Fiel, confessou o crime ao Fantástico, da Rede Globo, e se apresentou à Justiça.

"Só estamos esperando as autoridades bolivianas assinarem os documentos. Trata-se de uma etapa burocrática, mas que concretiza o acordo de cooperação entre os dois países", disse Thales Cézar de Oliveira, promotor responsável pelo caso.

A Justiça brasileira também aguarda uma cópia do processo boliviano. "Não temos nenhuma prova aqui", argumentou Thales.

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