Brasil

Coordenador da CV critica silêncio das Forças Armadas

Pedro Dallari afirmou que a postura das Forças de não reconhecer os crimes cometidos durante a ditadura cria um clima de "insegurança" para a democracia


	Pedro Dallari: "o silêncio poderá passar a impressão de que as Forças Armadas estão ainda de acordo com o que foi feito no passado", diz
 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Pedro Dallari: "o silêncio poderá passar a impressão de que as Forças Armadas estão ainda de acordo com o que foi feito no passado", diz (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2014 às 12h39.

Brasília - O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, afirmou nesta quinta-feira, 11, que a postura das Forças Armadas de não reconhecer os crimes cometidos durante a ditadura cria um clima de "insegurança" para a democracia, que deixa em aberto a possibilidade de as violações dos direitos humanos voltarem a ser uma política de Estado.

"O silêncio poderá passar a impressão de que as Forças Armadas estão ainda de acordo com o que foi feito no passado e que, portanto, poderiam especular com a possibilidade de voltar a fazê-lo no futuro. Isso gera insegurança do ponto de vista da democracia", afirmou.

Dallari participou de uma audiência no Senado para falar sobre o relatório apresentado pela Comissão nesta quarta-feira. O documento pediu a punição dos agentes envolvidos nos crimes cometidos durante o período e foi criticado pelos militares.

Segundo o coordenador, as graves violações não foram produtos de práticas isoladas, mas sim de uma política de Estado. Por isso, seria importante uma posição oficial das Forças Armadas sobre o assunto.

"A democracia brasileira precisa ter a absoluta segurança de que isso nunca mais vai ocorrer. E para isso é preciso que as Forças Armadas reconheçam o crime", disse.

O coordenador disse que as Forças Armadas deveriam ter como exemplo a atitude do Papa Francisco, que reconheceu que havia problemas com a pedofilia dentro da Igreja Católica e veio a público afirmar que isso não era doutrina da instituição.

"Só assim a sociedade brasileira ficará aliviada e nós superaremos o passado", afirmou.

Dallari também voltou a criticar a falta de colaboração das Forças Armadas e disse que, como a comissão vai deixar de existir a partir do dia 16, o Congresso terá um papel importante na condução do diálogo com as demais instituições.

Acompanhe tudo sobre:DitaduraExércitoPoliciais

Mais de Brasil

Presidente Lula discute sobre Enel com primeira-ministra italiana

Gás mais barato? Brasil deve assinar acordo com Argentina para ampliar importação, diz Silveira

Eduardo Suplicy diz que está em remissão de câncer após quatro meses de tratamento

Presidente turco viaja ao Brasil com intenção de defender a Palestina no G20