Ex-presidente Dilma Roussef em cerimônia de lançamento de projeto de submarino: estatal criada em 2013 custa mais R$ 300 mi aos cofres públicos (Roberto Stuckert Filho/PR/Divulgação)
Carla Aranha
Publicado em 5 de dezembro de 2020 às 11h27.
Última atualização em 5 de dezembro de 2020 às 20h53.
Em 2013, a ex-presidente Dilma Roussef decidiu criar a Amazônia Azul (Amazul), empresa dedicada ao desenvolvimento de tecnologias voltadas à construção do primeiro submarino nuclear brasileiro. O projeto, no entanto, não saiu do papel e a estatal precisou receber recursos públicos da ordem de 1,5 bilhão de reais para se manter, segundo o Tesouro Nacional.
Esse foi o valor do montante direcionado à empresa entre 2015 e 2019. Sem esses aportes, a Amazul não teria conseguido seguir em frente, de acordo com dados do Tesouro. Boa parte dos recursos é direcionada a custos com folha de pagamento e despesas operacionais.
As subvenções vêm aumentando anualmente. Em 2015, somaram 242,8 milhões de reais. No ano passado, a conta chegou a 367,3 milhões de reais, segundo levantamento do Ministério da Economia.
A estatal não teve nenhum faturamento em 2019, um fato pouco comum no meio corporativo. Em 2017, a receita obtida foi de 307 milhões de reais e, em 2018, caiu para 266 milhões de reais.
O governo, no entanto, ainda não definiu o futuro da estatal. A Amazul, por enquanto, não entrou no Plano Nacional de Desestatização, do Ministério da Economia.
Na última quarta-feira, dia 2, a Marinha anunciou que o submarino nuclear brasileiro deve ser lançado daqui a 13 anos, em 2033, quase uma década depois do previsto.
A Marinha, principal cliente da estatal, compõe o quadro de diretores da Amazul, formado por vice-almirantes. Eles recebem cerca de 29.400 reais por mês, segundo dados do Ministério da Economia. Atualmente, a estatal remunera 1.766 servidores, que ganham em média 9.900 reais, de acordo com o governo.
Este ano, a empresa pretendia abrir um concurso para preencher 67 vagas temporárias e 2.310 cadastros de reserva para funções como assistente administrativo e engenheiro. Os planos foram suspensos em razão da covid-19.
O histórico da Amazul não é imune a controvérsias. Em 2016, a Operação Lava Jato lançou uma investigação sobre a relação entre o governo da ex-presidente Dilma Roussef e a Odebrecht em relação a um novo projeto da empreiteira no setor da indústria naval. A Odebrecht pretendia se tornar sócia da Amazul em um empreeendimento voltado ao desenvolvimento de tecnologias para as Forças Armadas. A Lava Jato acabou impedindo que as negociações avançassem.