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Conquistar indecisos não é suficiente para Alckmin, diz Eurasia

Para a maior consultoria de risco político do mundo, além de conquistar parcelas de não-votantes, tucano precisa derrubar as intenções de voto de Bolsonaro

Geraldo Alckmin: para Eurasia, desafio do presidenciável vai além de conquistar indecisos (Adriano Machado/Reuters)

Geraldo Alckmin: para Eurasia, desafio do presidenciável vai além de conquistar indecisos (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 19h11.

Última atualização em 5 de agosto de 2018 às 22h35.

São Paulo - Em relatório divulgado nesta sexta-feira, a consultoria de risco político Eurasia minimiza mais uma vez o potencial do tempo de TV e estrutura partidária do candidato tucano Geraldo Alckmin (PSDB) como trunfo para um eventual crescimento nas intenções de voto para a Presidência da República.

Com base no perfil dos eleitores indecisos das pesquisas CNI/Ibope e Datafolha mais recentes, a tese da consultoria é de que uma fatia considerável desse grupo está mais alinhada com o Partido dos Trabalhadores (PT) do que ao tucano e seus aliados, dando poder de transferência de votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao seu substituto.

Os analistas também apostam que a indecisão gerará número forte de abstenções. Devido ao desencantamento do eleitorado, é provável que os eleitores fiquem em casa ou anulem o voto, tirando potencial do tempo de TV na hora do convencimento.

Entre outros analistas, mais conservadores que a Eurasia, vence a tese de que Alckmin chegou a um novo patamar de campanha ao fechar com o centrão. Além de ter 40% do tempo de TV para mostrar seus feitos em São Paulo, a coligação lhe dá recursos do fundo eleitoral para a campanha boca a boca no interior do Brasil.

Nesta quinta-feira, segundo estes analistas, o anúncio da senadora Ana Amélia (PP-RS) como candidata a vice na chapa dá novo trunfo a Alckmin. Por ser defensora ferrenha da Operação Lava-Jato e crítica contumaz ao governo do PT, o tucano ganha pontos contra eleitores mais voláteis de Bolsonaro. Em outra frente, pela bandeira anticorrupção e por ser uma política conhecida no Sul do país, Ana Amélia traz força de campanha contra eleitores de Álvaro Dias (Podemos), que incomodava o tucanato na região.

"Achamos tal linha de raciocínio pouco convincente. Nossa conclusão foi que Alckmin pode obter alguns pontos de eleitores indecisos, mas não um grande impulso", diz relatório da Eurasia. "Alckmin provavelmente precisará derrubar Bolsonaro, e não apenas crescer sozinho, para chegar ao segundo turno das eleições. As chances de vitória de um candidato reformista como ele, a nosso ver, estão em 20%."

Ainda de acordo com os cálculos da Eurasia, a base de apoio de Alckmin e do PSDB está mais concentrada entre os eleitores mais abastados e instruídos. Trata-se do mesmo grupo encantado com Jair Bolsonaro (PSL-RJ) – daí a conclusão de que será necessário roubar seus eleitores.

Entre os indecisos, o grupo tem mais membros de faixas mais pobres e com menos anos de educação formal, um bolo de votos que nunca se empolgou com os tucanos. "E se lembrarmos que Alckmin representa um partido tradicional, associado à corrupção e com o atual status quo, é difícil imaginá-lo convertendo um grande número de pessoas que inicialmente consideravam se afastar da política."

Assinam o texto Silvio Cascione, analista-sênior para Brasil, Filipe Gruppelli Carvalho, consultor associado, Djania Savoldi, analista, e Christopher Garman, diretor de análise para as Américas da Eurasia, que será um dos palestrantes do evento Encontro CEO de EXAME, no dia 15 de agosto, em São Paulo.

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