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Cônjuges de deputados gays também terão direito a passagens

O presidente da Câmara esclareceu que a concessão do benefício seguirá os mesmos critérios adotados pelo Itamaraty para conceder passaportes diplomáticos.


	Eduardo Cunha: "ninguém é obrigado a usar. Eu mesmo não vou usar", afirmou
 (J.Batista / Câmara dos Deputados/Fotos Públicas)

Eduardo Cunha: "ninguém é obrigado a usar. Eu mesmo não vou usar", afirmou (J.Batista / Câmara dos Deputados/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 15h22.

Brasília - Os cônjuges de parlamentares homossexuais também serão contemplados com passagens aéreas pagas com verba da Câmara.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esclareceu nesta quinta-feira, 26, que a concessão do benefício seguirá os mesmos critérios adotados pelo Itamaraty para conceder passaportes diplomáticos.

Segundo Cunha, pelas regras do Itamaraty, a união do casal tem que estar registrada em cartório. Até a publicação desta reportagem, o Itamaraty não esclareceu as regras que adota.

Ontem, o presidente da Câmara anunciou um pacote de benefícios para os deputados, que inclui reajuste da verba de gabinete, da cota parlamentar e do auxílio-moradia.

As medidas representam custo adicional de R$ 112,8 milhões até o fim do ano e de R$ 150,3 milhões em 2016. Cunha diz que não haverá aumento de custos para a Casa, pois promoverá cortes de gastos em valor equivalente.

Dispensa do benefício

Após a polêmica gerada pelo anúncio do benefício, partidos e deputados começaram a anunciar nesta quinta-feira que vão abrir mão da concessão de passagem aérea para seus cônjuges pela cota parlamentar.

O próprio Eduardo Cunha disse que sua mulher não viajaria às custas de verba pública.

"Ninguém é obrigado a usar. Eu mesmo não vou usar", afirmou.

"Estamos dando a possibilidade de o parlamentar, dentro de sua cota, sem qualquer aumento, utilizar. Tem parlamentares que precisam usar, inclusive, porque têm as esposas em Estados longe e precisam delas inclusive para sua locomoção pessoal", disse Cunha.

Os cônjuges dos parlamentares haviam perdido o direito a bilhetes aéreos financiados pela Câmara em 2009, após a revelação de que deputados e senadores usavam recursos do Congresso para pagar passagens para amigos e familiares viajarem no Brasil e no exterior, caso que ficou conhecido como "farra das passagens".

Desde então, apenas parlamentares e assessores são permitidos em viagens oficiais.

"(Até 2009,) Dentro da minha cota, usava o que quisesse. Podia dar passagem até pra cabo eleitoral", lembrou Cunha. "Quando você cortou isso, cortou tudo, inclusive as esposas.

A gente está entendendo agora que o 'tudo' foi exagerado naquele momento", disse o presidente da Casa.

Antes de Cunha se manifestar, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) disse que seu partido abriria mão das passagens aéreas para cônjuges.

O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), também disse que seu partido não utilizaria o benefício. "Isso está errado. Não vai na linha de austeridade (defendida no País atualmente)", disse Alencar, que ainda requereu ao presidente da Casa que questões como essas fossem discutidas no colégio de líderes, onde há participação de todos os partidos, e não nas reuniões da Mesa Diretora, da qual apenas a cúpula da Câmara participa.

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