Brasil

Congresso pressiona governo a oficializar troca no Ministério da Saúde

Rodrigo Pacheco quer aproveitar reunião com Bolsonaro para exigir ações concretas no combate à pandemia, enquanto Arthur Lira segue insatisfeito com escolha de Queiroga

Ministério da Saúde: Marcelo Queiroga e Eduardo Pazuello  (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)

Ministério da Saúde: Marcelo Queiroga e Eduardo Pazuello (EVARISTO SA / Colaborador/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 23 de março de 2021 às 08h05.

A indefinição sobre o Ministério da Saúde gerou cobranças da cúpula do Congresso Nacional sobre o Palácio do Planalto. Lideranças, já insatisfeitas com a escolha de Marcelo Queiroga, nome do presidente Jair Bolsonaro para o cargo, exigem que o governo oficialize logo a troca e exonere Eduardo Pazuello.

A demora, segundo fontes do Planalto, deve-se a pendências em empresas ligadas a Queiroga, das quais ele deve se desincompatibilizar. O ministro disse a interlocutores que na semana passada sondou potenciais membros de sua equipe. Ele planeja substituir os secretários de Pazuello.

Chamados para uma reunião com Bolsonaro amanhã para a criação de um comitê para tratar da pandemia, os presidentes de Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e Câmara, Arthur Lira (PP-AL), têm manifestado, cada um a seu estilo, incômodo com a condução do governo e esperam uma guinada na área. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também deve participar do encontro.

Pacheco espera por medidas concretas. Segundo sua assessoria, o parlamentar deve “cobrar itens como medicamentos para sedação, inclusive adquiridos no exterior, abertura de novos leitos de UTI, cumprimento do cronograma de vacinação e realização de uma força-tarefa imediata junto a laboratórios, como a Pfizer e a Janssen, que possam fornecer imunizantes em quantidades suficientes e no menor tempo possível ao Brasil”.

Escalada de críticas

O presidente do Senado tem aumentado o tom das críticas públicas ao governo. Em publicação no Twitter ontem, pediu a “coordenação do presidente da República”. Em entrevista à TV Band no domingo, afirmou que “negacionismo se tornou uma brincadeira de mau gosto, macabra e medieval” e defendeu medidas tomadas por prefeitos e governadores.

Cobrado pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a omissão do governo na pandemia, Pacheco disse que “há erros sucessivos, e os culpados serão apontados em algum momento”.

Lira, por sua vez, permanece irritado com a escolha de Queiroga, anunciado após Bolsonaro descartar Ludhmila Hajjar, que havia sido elogiada publicamente por ele.

No Centrão, o preferido era Dr. Luizinho (PP-RJ) para o cargo. Aliados próximos de Lira se incomodaram com as declarações de Queiroga na última semana. Acreditam que ele terá uma posição submissa ao presidente, o que tornaria difícil qualquer mudança substancial na gestão da crise na Saúde.

O vice-presidente da Casa, Marcelo Ramos (PL-AM), fez uma cobrança pública. Ao contrário de Lira, Ramos busca se opor explicitamente a Bolsonaro.

“A reunião de quarta entre presidente de Poderes e governadores não pode passar de uma conversa sem consequências. É preciso repor a ordem para que o país tenha vacina no braço e comida no prato. Convoco o povo brasileiro para que acompanhe a reunião e cobre resultados concretos”, postou nas redes sociais.

Ele também se pronunciou sobre a situação do ministro que ainda não tomou posse. “É surreal que durante o momento mais grave da pandemia tenhamos um ministro demitido que continue no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”, protestou.

Conta da pandemia começa a chegar para Bolsonaro? Ouça no EXAME Política

 

Acompanhe tudo sobre:Arthur LiraCâmara dos DeputadosGoverno BolsonaroMinistério da SaúdeRodrigo PachecoSenado

Mais de Brasil

STF rejeita recurso e mantém pena de Collor após condenação na Lava-Jato

O que abre e o que fecha em SP no feriado de 15 de novembro

Zema propõe privatizações da Cemig e Copasa e deve enfrentar resistência

Lula discute atentado com ministros; governo vê conexão com episódios iniciados na campanha de 2022