O presidente Michel Temer (Adriano Machado/Reuters)
Luiza Calegari
Publicado em 11 de setembro de 2017 às 17h08.
Última atualização em 12 de setembro de 2017 às 12h04.
São Paulo – A taxa de apoio dos deputados da Câmara ao presidente Michel Temer continua muito parecida em comparação com o momento em que a denúncia contra o presidente foi rejeitada no plenário.
Logo antes da denúncia de Janot, a taxa de apoio a Temer era de 79,5%; agora, está em 78,5%. Os dados são do Congresso em Números, projeto do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV (CTS/FGV) no Rio de Janeiro.
A taxa de apoio se refere à proporção de deputados que votaram segundo a orientação do governo em temas debatidos na Câmara.
Segundo o coordenador adjunto do CTS/FGV, Fábio Vasconcellos, o apoio a Temer é numericamente menor agora (dados levantados até de 30 de agosto) do que antes da primeira denúncia (dados coletados até 1 de agosto), mas a diferença ainda é muito pequena.
Isso pode indicar que, em uma eventual segunda denúncia contra o presidente, a tendência é de que ela seja barrada novamente.
Há uma variação, no entanto, que sugere cautela ao governo: os partidos de que Temer mais perdeu apoio foram os pequenos e médios, que compõem o “centrão” da Câmara e têm se mostrado decisivos em algumas votações.
“Temer tem menos apoio nesses partidos do que tinha no início de agosto. Isso pode ser um sinal amarelo para o governo”, afirmou Vasconcellos.
Em termos absolutos, os partidos que mais se descolaram de Temer ao longo do mês de agosto foram o PHS (o apoio caiu de 86% para 75%), PROS (de 95% para 81%) e PTdoB (de 58% para 47%).
No entanto, esses números não necessariamente indicam que o apoio ao governo está derretendo, porque é preciso levar em conta o tamanho e o peso de cada bancada para fazer essa avaliação.
O PSDB, apesar do racha interno sobre a permanência ou não na base do governo, permanece como um dos mais fiéis: o apoio do partido foi de 95% para 93% desde a votação da primeira denúncia.
Nenhuma sigla, no entanto, supera o DEM, mesmo que a afinação não seja mais absoluta: o partido passou de 99% de concordância com o governo para 97%, mas ainda é o partido mais alinhado a Temer.
Mais alinhado, até, que o próprio PMDB, que vota de acordo com o governo em 96% dos casos (contra 98% antes da primeira denúncia).