Policial em ação durante uma operação no no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2014 às 20h31.
Rio - Breves confrontos entre traficantes do Comando Vermelho e policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope), de Ações com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromóvel (GAM) da Polícia Militar têm assustado moradores e aumentado a sensação de insegurança no Complexo da Maré, zona norte do Rio. Apesar do anúncio feito na segunda-feira, 24, pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) de que o conjunto de favelas receberá uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no segundo semestre deste ano, predominam a tensão e a desconfiança.
Desde sábado, cerca de 160 policiais do Bope, BAC, GAM e do 22º Batalhão (Maré) ocupam as favelas Nova Holanda e Parque União, principais pontos de distribuição de armas e drogas da facção. De dia e à noite ocorrem "confrontos pontuais": olheiros do tráfico soltam fogos - sinal que alerta para a aproximação de policiais - e pouco depois são ouvidos tiros nas favelas. Segundo agentes do setor de inteligência do Bope, com essas ações, os traficantes tentam distrair os policiais enquanto retiram armas e drogas do Complexo.
"Eles (os traficantes) acharam que esta seria uma operação pontual, mas será permanente. Agora tentam nos distrair para retirar o material que deixaram para trás". Ainda de acordo com os policiais, traficantes do Terceiro Comando Puro (TCP), cujas favelas ainda não foram ocupadas, "ficam ostentando". "Mas vamos entrar em todas as favelas. É uma questão de tempo", afirmou um dos agentes.
Esperança
O clima de aparente tranquilidade não escondia a apreensão dos moradores do Complexo da Maré. Na Rua Esperança, o bar com o mesmo nome da via estava fechado, assim como parte do comércio da região. "Não podemos comentar nada. Espero que as coisas melhorem com a chegada da UPP, mas temos que esperar para ver", disse um comerciante.
Um grupo de garis do Parque União já vê diferença desde a chegada do Bope. Eles observaram que os usuários de crack que ficavam no entorno do canteiro de obras do BRT Transcarioca (corredor exclusivo para ônibus articulados), na Avenida Brasil, saíram da região. "Eles (usuários de drogas) atrapalhavam nosso trabalho, rasgavam o lixo que a gente recolhia. Depois dos bailes funk a favela ficava suja. Agora está tudo bem mais limpo", afirmou um deles.
Apreensões
Na tarde desta terça-feira, 25, policiais do 22º BPM apreenderam 50 kg de maconha, 20 kg de cocaína, quatro pistolas, quatro granadas, cinco rádios transmissores, cinco litros de cheirinho da loló, duas máquinas de contar dinheiro, 12 litros de solvente pra mistura, 400 pedras de crack, 530 pedras de cocaína de 50 reais e 218 trouxinhas de maconha na favela Nova Holanda. Oito carros roubados foram recuperados. Todo o material estava escondido entre paredes e muros de casas da comunidade. Ninguém foi preso na operação. A ocorrência seguiu para a 21ª DP (Bonsucesso).