Policiais montam guarda na estação de Metrô Tatuapé, durante protesto contra a Copa do Mundo (Nacho Doce/Reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2014 às 00h24.
São Paulo - O protesto em São Paulo contra a Copa do Mundo, no dia de abertura do Mundial, terminou em confronto com a Tropa de Choque, com 10 manifestantes e 5 repórteres feridos.
Até o início da noite, pelo menos 31 pessoas haviam sido detidas, conforme as informações da Polícia Militar. O número oficial, porém, não estava consolidado até 21h.
A primeira bomba da PM foi lançada contra cerca de 50 estudantes de Física da Unicamp que estavam na frente da Estação Carrão do Metrô, às 10h14.
Nas cinco horas seguintes, cerca de 150 policiais reprimiram grupos de protestos que se espalharam pelas ruas do Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
Na tentativa de evitar qualquer aglomeração que pudesse bloquear a Radial Leste, principal acesso ao Itaquerão, a Força Tática e a Tropa de Choque da PM agiram de forma enérgica.
Os policiais não permitiram nenhuma aglomeração de pessoas nos arredores das Estações Belém, Tatuapé e Carrão.
Por volta das 13h40, a PM lançou bombas contra um grupo que tentava fechar a Radial - motoristas e motociclistas ficaram intoxicados após inalar o gás lacrimogêneo das bombas.
Entre os 15 feridos nos confrontos, há pelo menos cinco repórteres (dois correspondentes da CNN, um repórter argentino, uma repórter francesa e um auxiliar de cinegrafista do SBT).
Quem protagonizou os confrontos com a PM (pelo menos seis entre 10h14 e 15h40) foram cerca de 50 black blocs e anarquistas, muitos deles participantes dos violentos protestos de junho do ano passado, convocados pelo Movimento Passe Livre.
O cerco da polícia nas estações de metrô também impediu que centenas de torcedores que queriam assistir ao jogo perto da Arena Corinthians pudessem seguir seu caminho.
Pelas ruas do Tatuapé, a PM perseguia os grupos de manifestantes com cavalos e motos, sem deixar que avançassem na direção da Radial Leste. Em vários momentos, jogavam bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral para dispersar o movimento.
Perto do Shopping Tatuapé, na Rua Platina, por volta das 13h, grupos de mascarados foram encurralados pelos policiais e o movimento acabou se juntando ao ato dos metroviários, na Rua Serra do Japi - que protestavam contra 42 demissões, após cinco de paralisação do serviço.
Já o objetivo dos mascarados era protestar contra a Copa durante a passagem da seleção brasileira.
O grupo seguiu para o Metrô Tatuapé, enquanto carros eram depredados ou atingidos por bombas. Um veículo do SBT foi atingido por um artefato da PM na frente do metrô.
O shopping fechou as portas e grupos de policiais se posicionaram na frente de prédios residenciais. Os confrontos mais violentos ocorreram na Rua Serra do Japi, na frente do Sindicato dos Metroviários.
Encurralados dentro da sede, os sindicalistas só saíram após negociar com a PM, por volta das 13h20. Depois disso, os black blocs seguiram na direção da Estação Tatuapé.
Para impedir a ocupação da plataforma, a PM lançou uma sequência de bombas contra os manifestantes que durou quase 3 minutos.
A ação, na frente do Shopping Tatuapé, levou pânico a quem passava. Um garoto de 12 anos chegou a desmaiar com o gás e foi auxiliado pelos pais e por parentes.
Quando os confrontos entre manifestantes e a polícia pareciam ter acabado, uma nova confusão começou na plataforma do Metrô Tatuapé, por volta das 15h30.
A PM quis esvaziar a plataforma que liga o metrô ao Shopping Tatuapé. Naquele momento, torcedores se concentravam na passarela, na esperança de ver o ônibus da seleção, que acabou evitando a Radial.
Após a dispersão, manifestantes se concentraram na entrada da estação e iniciou-se um confronto. A polícia soltou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
A PM esvaziou a plataforma, com golpes de cassetete e bombas. O confronto seguiu para a Rua Tuiuti. Os protestos só terminaram por volta das 16h30.