Senado: na casa, PT e PSDB tiveram as maiores perdas de representantes (Roque de Sá/Agência Senado)
Clara Cerioni
Publicado em 8 de outubro de 2018 às 20h34.
São Paulo — A partir de 1º de janeiro do ano que vem, o Congresso Nacional sofrerá grandes transformações após o resultado das urnas na noite deste domingo (7).
Em uma reviravolta na manutenção dos tradicionais partidos políticos no poder, o Senado e a Câmara dos Deputados receberão novas siglas para comandar as cortes legislativas.
No Senado, que é composto por 81 parlamentares, o cenário é inédito. Nunca antes na história da redemocratização brasileira a Casa terá tantos partidos.
Serão 21 legendas diferentes — 5 a mais do que as eleitas na eleições anteriores, de 2014. Ingressam na corte, para permanecer pelos próximos oito anos, PSL, Pros, Solidariedade, PRP e PHS.
O PSL, partido de Jair Bolsonaro, teve o melhor desempenho dentre os novatos. Puxada pelo bom desempenho do presidenciável na corrida nacional, ela fará sua estreia no Senado com quatro representantes: Major Olímpio (SP), Flávio Bolsonaro (SP), Selma Arruda (MT) e Soraya Throvicke (MS).
A maior bancada do Senado segue nas mãos do MDB, partido do atual presidente Michel Temer, mas com perda de influência: a legenda perdeu 40% de representação, vendo seu número de senadores cair de 18 para 11.
Perderam seus assentos vários caciques políticos emedebistas, como Romero Jucá (do áudio de "estancar a sangria" da Lava Jata), Eunício Oliveira (atual presidente da Casa) e Edison Lobão.
O PSDB e o PT, que monopolizaram a disputa presidencial desde a redemocratização, também tiveram um revés histórico. O partido dos tucanos perdeu quatro cadeiras e foi de 12 para 8 senadores.
Já o PT perdeu metade dos seus senadores, indo de 12 para 6. A ex-presidente Dilma Rousseff (MG) e Eduardo Suplicy (SP) ficaram de fora mesmo como líderes nas pesquisas, e Lindbergh Farias (RJ) vai sair da Casa após apenas um mandato.
Conseguiram aumentar suas bancadas partidos como o DEM, que foi de 3 para 7 senadores, e a Rede, que foi de 1 para 5.
Apesar de ter perdido espaço no Senado, o PT seguirá como maior bancada da Câmara dos Deputados.
O partido do candidato Fernando Haddad, que concorre no segundo turno, elegeu 56 deputados, perda de 5 em relação à legislatura anterior. Gleisi Hoffmann, presidente do PT atualmente no Senado, será uma das vozes do partido na casa.
A segunda maior legenda será a do PSL de Bolsonaro, que foi levada na onda nacional e multiplicou de 8 para 52 o seu número de deputados.
Um de seus representantes, Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável, se tornou o deputado federal mais votado da história do país com 1.814.443 votos.
Os maiores perdedores foram os tradicionais MDB (que reduziu sua bancada pela metade, de 66 para 33) e PSDB (que caiu de 54 para 29).
As mudanças drásticas no cenário, tanto do Senado quanto da Câmara, podem ser interpretadas pela interferência da Operação Lava Jato.
Neste ano, mais da metade dos alvos da operação não conseguiu se reeleger. Dos 77 nomes que ainda respondem a alguma investigação e se candidatam, 40 foram derrotados nas urnas.
Um dos casos é do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Em meio a sua campanha para o Senado, ele foi preso acusado de corrupção. Favorito a uma das vagas pelo estado, Richa acabou ficando na sexta posição.
Veja abaixo como ficará a distribuição dos partidos nas duas instâncias do Legislativo: