O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e vice-presidente Michel Temer (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Valéria Bretas
Publicado em 12 de março de 2016 às 10h18.
São Paulo – Neste sábado, o PMDB realiza sua Convenção Nacional em Brasília para discutir as rotas possíveis que a sigla irá tomar diante do atual cenário político do país.
Na ocasião, os integrantes da sigla devem reeleger o vice-presidente Michel Temer como líder do PMDB.
A pauta que causa mais alvoroço diz respeito a um possível desembarque da base de apoio do governo de Dilma Rousseff. Para analistas, se essa hipótese vencer, o processo de impeachment contra a presidente pode se tornar irreversível.
Há tempos, o PMDB flerta com essa possibilidade - vale lembrar o teor da carta de Temer endereçada a Dilma. Mas, nesta semana, o iminente divórcio ganhou novos capítulos. Na terça, líderes peemedebistas e tucanos no Senado se reuniram em um jantar sinalizando uma possível aliança.
Na análise da consultoria Prospectiva, o desgaste político do governo tem levado os partidos a flertar com um eventual desligamento da base aliada.
“Caso a legenda libere os votos de seus parlamentares para a votação, pode-se esperar que o impeachment se concretize”, diz o especialista Thiago Vidal, coordenador do Núcleo de Análise Política da consultoria. “Por ser o maior partido do Congresso, o PMDB serve de bússola para as demais legendas”.
Veja como se divide a presença do PMDB no Executivo federal, no Senado e nos estados e prefeituras.
A vitória do deputado Leonardo Picciani, fiel aliada de Dilma, na disputa pela liderança do PMDB na Câmara rendeu um ponto positivo para a presidente, já que na formação da Comissão Especial que analisará o impeachment, o parlamentar deve entrar com uma lista de peemedebistas favoráveis ao arquivamento do processo.
No entanto, os novos desdobramentos políticos que ferem a imagem da presidente Dilma elevaram a probabilidade do mandato da petista ser interrompido antes do fim do ciclo.
Para o professor e cientista político da FGV/EBAPE, Carlos Pereira Agora, o destino da presidente pode depender das decisões que serão tomadas na convenção. “Quem vai definir a última instância do impeachment vai ser o PMDB”, afirma. “O partido está muito dividido e é muito difícil prever o rumo das decisões”.
Um relatório da consultoria Prospectiva, obtido em primeira mão por EXAME.com, traça três possíveis cenários para o futuro do governo.
Uma das hipóteses prevê que, caso o PMDB deixe a base aliada, a petista até pode permanecer no poder, mas com popularidade e governabilidade abalados. “Dificilmente Dilma conseguiria aprovar no Congresso Nacional as medidas que julga necessárias para retomar o crescimento econômico”, afirma o coordenador do Núcleo de Análise Política da Prospectiva.
Veja as três projeções da consultoria.