Brasil

Comissão pede revisão da causa da morte de JK

A versão oficial aponta que JK foi vítima de um acidente de carro, mas os vereadores acreditam que Juscelino tenha sido assassinado em uma conspiração


	JK: na ocasião de sua morte, Juscelino se articulava para disputar a Presidência quando o país retornasse à democracia
 (Divulgação)

JK: na ocasião de sua morte, Juscelino se articulava para disputar a Presidência quando o país retornasse à democracia (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 08h59.

São Paulo - A Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo anunciou nesta terça-feira, 10, que pedirá ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal e à Presidência da República que retifiquem a causa da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. A versão oficial aponta que JK foi vítima de um acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1976.

Os vereadores acreditam que Juscelino tenha sido assassinado em uma conspiração articulada pelo general João Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI).

Relatório de 30 páginas divulgado ontem, elaborado nos últimos nove meses, afirma ter 92 indícios de que os militares "forjaram" a causa da morte do ex-presidente.

A tese defende que o motorista de JK, Geraldo Ribeiro, foi morto com um tiro na cabeça antes da colisão do automóvel. "Vamos pedir uma nova exumação dos ossos de Ribeiro", afirmou o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da comissão. A primeira exumação foi feita em 14 de agosto de 1996.

Perito.

Em depoimento que consta do relatório, o perito criminal Alberto Carlos de Minas declarou ter visto um furo no crânio do motorista com "característica de buraco provocado por projétil de arma de fogo". Na ocasião, segundo o perito, as autoridades de Minas teriam proibido que ele fotografasse o crânio, alegando que ele estaria "esfacelado".


Antigo secretário particular do ex-presidente, Serafim Melo Jardim também foi ouvido e afirmou à comissão ter certeza de que JK vinha sendo vigiado. "Eu acompanhei o presidente desde que voltou do exílio. Sempre que viajávamos ele dizia: ‘Estão querendo me matar’."

Serafim disse aos vereadores que os telefones de pessoas ligadas ao ex-presidente estavam grampeados em 1976 e, por isso, agentes do governo militar que o vigiavam não teriam dificuldade para saber com antecedência sobre a viagem pela Dutra.

Na ocasião de sua morte, Juscelino se articulava para disputar a Presidência quando o País retornasse à democracia. Seus movimentos eram motivo de preocupação para os agentes da Operação Condor, aliança político-militar entre as ditaduras do Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai. "Essa é a verdadeira história do País e precisa ser levada a cada brasileiro", disse Natalini.

Depoimentos. O presidente da Comissão da Verdade de São Paulo acredita que o orifício encontrado por um perito no crânio do motorista de JK é a prova mais contundente do relatório. "Havia fragmento de metal dentro do crânio", diz.

O grupo também ouviu testemunhas do acidente, como o motorista aposentado Ademar Jahn. Ele afirmou em depoimento que viu o motorista do veículo de JK, um Chevrolet Opala, desacordado e com a cabeça caída entre o volante e a porta antes da colisão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasDitaduraMetrópoles globaisMortessao-paulo

Mais de Brasil

G20: Argentina quer impedir menção à proposta de taxação aos super-ricos em declaração final

Aliança Global contra a Fome tem adesão de 41 países, diz ministro de Desenvolvimento Social

Polícia argentina prende brasileiro condenado por atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Homem-bomba gastou R$ 1,5 mil em fogos de artifício dias antes do atentado