Dilma Rousseff: relator terá dez dias úteis para elaborar parecer sobre admissibilidade do processo de afastamento da presidente (Igo Estrela/ Reuters)
Rita Azevedo
Publicado em 26 de abril de 2016 às 15h12.
São Paulo — A comissão especial que analisa o impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado deve votar no próximo dia 6 de maio o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) sobre o caso.
Na manhã desta terça-feira, o colegiado se reuniu pela primeira vez e confirmou o nome de Raimundo Lira (PMDB-PB) para a presidência e o de Anastasia para a relatoria do processo.
As duas votações foram simbólicas, mas a escolha do relator foi feita sob protesto dos senadores do PT, que alegaram que o mineiro não deveria ocupar o cargo de relator por ser de um partido que tem interesse na saída de Dilma.
Calendário e novas regras
Os senadores também definiram as datas para os próximos passos da análise do impeachment. No próximo dia 28, os autores do pedido devem prestar depoimento. No dia seguinte, será a vez da defesa de Dilma (no caso, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo) se manifestar.
Anastasia deverá apresentar o relatório no dia 04 de maio. No dia seguinte, Cardozo será ouvido mais uma vez e os senadores irão debater o caso. A votação do parecer final na comissão especial será no 06 de maio.
Caso o relatório seja aprovado, ele segue para o plenário do Senado. Se a maioria simples dos senadores decidirem pela admissibilidade do processo, Dilma é afastada por 180 dias. A data mais provável para essa votação é o dia 11 de maio.
Na reunião de hoje, os senadores também estabeleceram regras para a condução dos trabalhos. Uma delas é que o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, só poderá defender Dilma até a admissibilidade do processo. Depois disso, não poderá mais.
Uma outra mudança é que, a partir de agora, as reuniões devem começar às 9h.
Natural de Cajazeiras, na Paraíba, o economista Raimundo Lira foi eleito como suplente do também paraibano Vital do Rêgo. Em 2014, passou a ocupar o cargo de senador após Rêgo ser escolhido como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Nas eleições de 2010, foi o suplente que mais doou ao titular da chapa (no total, foram 960 mil reais). Declarou, naquele ano, ter pouco mais de 54 milhões de reais em bens.
É uma das figuras que agradam tanto a oposição quanto a bancada governista. Em fevereiro deste ano, chegou a ser cogitado como substituto de Delcídio do Amaral na liderança do governo na Casa.
Sua primeira eleição foi como vice da chapa de Aécio Neves para o governo de Minas Gerais em 2006. Como Aécio saiu para concorrer a um posto no Senado, Anastasia acabou ocupando o governo do estado. Em 2010, foi reeleito para o cargo.Natural de Belo Horizonte e formado em Direito, Antonio Anastasia é senador desde 2014, quando foi eleito com 5.102.987 votos.
Declarou, nas eleições de 2014, ter 562 mil reais em bens.
No início de 2015, foi citado como um dos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras. O inquérito, no entanto, foi arquivado no final do ano passado pelo ministro Teori Zavascki por falta de provas.