Roger Pinto Molina: parlamentar boliviano foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil em uma operação organizada por Saboia em agosto, desencadeando uma crise diplomática (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2013 às 14h06.
Brasília – A comissão de sindicância, que avalia a atuação do diplomata Eduardo Saboia, responsável pela retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz (Bolívia), conclui na sexta-feira (11) a segunda etapa de depoimentos.
Serão ouvidos o embaixador Clemente Baena Soares e o diplomata Elói Rittter Filho, da área de América do Itamaraty, e o ministro de carreira Haroldo de Macedo Ribeiro, que era assessor do ex-chanceler Antonio Patriota.
Para a próxima semana, serão ouvidos por videoconferência testemunhas que estão na Bolívia. Já prestaram esclarecimentos à comissão o próprio ex-chanceler Patriota, cujo depoimento ocorreu no dia 4 e durou quase quatro horas, o ex-embaixador do Brasil na Bolívia Marcel Biato e o diplomata João Pedro Corrêa Costa, responsável pelas comunicações entre a representação diplomática brasileira em La Paz e o Itamaraty.
A defesa de Saboia encaminhou solicitação para que Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na Embaixada do Brasil na Bolívia, seja arrolado como testemunha pela comissão no processo que investiga a atuação do diplomata.
No dia 1º, Saboia retornou ao trabalho no Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty. Ele está lotado no departamento econômico da área de finanças. O diplomata ficou mais de um mês afastado das atividades, desde o final de agosto, quando Pinto Molina chegou ao Brasil.
Saboia é alvo de investigações de uma comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal. O grupo apura as responsabilidades do diplomata na retirada de Pinto Molina da Embaixada do Brasil na Bolívia. O diplomata é acusado de quebra de hierarquia. A defesa dele nega.
O parlamentar boliviano foi retirado da Bolívia rumo ao Brasil em uma operação organizada por Saboia em agosto, desencadeando uma crise diplomática.
O então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado. Em junho de 2012, o Brasil concedeu asilo diplomático ao senador, mas o governo boliviano não deu o salvo-conduto para ele deixar o país.
No Brasil desde o dia 23 de agosto, Pinto Molina é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano. O senador nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, são mais de 20 processos.