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Comissão convocará Cardozo por severidade com caminhoneiros

Depois de resistência de parlamentares governistas, comissão da Câmara aprovou convocação de José Eduardo Cardozo para explicar severidade com caminhoneiros


	Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo: Palácio do Planalto se recusa a reconhecer o movimento e abrir um canal de diálogo
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo: Palácio do Planalto se recusa a reconhecer o movimento e abrir um canal de diálogo (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2015 às 18h04.

Brasília - Depois de muita resistência de parlamentares governistas, a Comissão de Agricultura da Câmara aprovou a convocação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para dar explicações sobre a severidade das punições contra os caminhoneiros, que desde a última segunda-feira, 9, têm feito bloqueios em estradas.

O Palácio do Planalto se recusa a reconhecer o movimento e abrir um canal de diálogo.

A avaliação é de que não existe uma pauta concreta e que as paralisações tem caráter político, com o objetivo de desestabilizar a presidente Dilma Rousseff.

Os ruralistas também pretendiam convocar o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, mas uma manobra, que passou inclusive pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adiou a votação.

Cunha, na prática, ajudou a evitar a convocação de Wagner. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a pedido do líder do governo, José Guimarães (PT-CE), o peemedebista acelerou o início da Ordem do Dia no plenário, para derrubar a reunião do colegiado, adiando a votação do requerimento que pode convocar Wagner para a próxima quarta-feira.

Embora tenham conseguido "salvar" temporariamente o ministro-chefe da Casa Civil, Guimarães e Cunha não conseguiram evitar a aprovação do requerimento convocando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, desafeto político do presidente da Câmara.

Em outubro, circularam nos bastidores informações de que o peemedebista chegou a pedir a interlocutores da presidente Dilma Rousseff que ela substituísse Cardozo pelo vice-presidente, Michel Temer.

Por outro lado, Cunha tem elogiado o desempenho do novo chefe da Casa Civil.

O presidente da Câmara já afirmou a aliados que Jaques Wagner é mais aberto ao diálogo. Wagner tem sido a ponte de diálogo entre Cunha e o Planalto, por meio do qual o peemedebista estaria negociando apoio no Conselho de Ética, onde é alvo de representação por quebra de decoro parlamentar, em troca da não deflagração do pedido de impeachment de Dilma e apoio a medidas do ajuste fiscal.

Uma das lideranças dos caminhoneiros em greve, Ivar Schmidt diz que o grupo não abre mão do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e afirma que não vai deixar de fazer os bloqueios para abrir um diálogo com o governo federal.

"Não vamos recuar nenhum passo. Não vamos retirar a questão do impeachment. Não suportamos mais o aumento de custos que estamos tendo com combustível, energia, alimentação", disse ao Broadcast.

A reunião

Além da ajuda de Cunha, deputados do PT também agiram para evitar as convocações.

Parlamentares petistas recorreram a vários mecanismos para segurar ao máximo o desenvolvimento da reunião da Comissão de Agricultura. Eles chegaram a pedir a leitura de atas de encontros anteriores e criaram momentos de tensão ao questionarem o trâmite e interpretação do regimento interno por parte da presidência do colegiado.

Com todas essas manobras, governistas conseguiram atrasar em uma hora o início da reunião, que estava marcada para 9h30. Apesar de todas as tentativas, no entanto, ruralistas aprovaram a convocação de Cardozo.

Por volta das 12h, quando estavam começando a discutir o requerimento para convocar Jaques Wagner, a reunião da comissão teve de ser interrompida pelo início das votações no plenário, adiando a votação do pedido.

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