A MP é considerada pela presidente Dilma Rousseff como uma medida essencial para dar competitividade ao setor, um dos principais gargalos para o crescimento do país (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2013 às 23h03.
Brasília - O relatório da Medida Provisóvia dos Portos foi aprovado nesta quarta-feira pela comissão mista do Congresso que analisou o texto enviado pelo Executivo, mas os parlamentares fizeram mudanças que contrariam os interesses do governo.
A MP dos Portos -- considerada pela presidente Dilma Rousseff como uma medida essencial para dar competitividade ao setor, um dos principais gargalos para o crescimento do país-- tem que ser aprovada pela Câmara e pelo Senado até 16 de maio. Caso contrário, perderá a validade.
Pelo menos duas das mudanças aprovadas pelos deputados e senadores nesta quarta devem ser alvo de veto da presidente na avaliação do relator da MP, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Numa delas, os congressistas criaram a obrigatoriedade para que os futuros contratos de concessão, firmados por 25 anos, sejam renovados por igual período, totalizando uma concessão de 50 anos.
"Obviamente não há nenhum entendimento (com o governo) quanto ao mérito dessa matéria", disse Braga.
Outra mudança pedida pelo setor empresarial e aprovada pelos parlamentares cria a obrigatoriedade de renovação dos contratos nas áreas portuárias firmados antes de 1993, pelo igual período estabelecido nesses contratos, que varia entre cinco e dez anos.
O governo tinha fechado um acordo para prorrogar esses contratos em até cinco anos, quando considerasse necessário. Essas condições, porém, foram rejeitadas pelos parlamentares, a pedido dos empresários.
"Nós construímos um acordo para os (contratos) antes de 93, o acordo estava feito. Jogaram fora e construíram um texto que vai ser vetado (pela presidente)", disse Braga, que também é líder do governo no Senado.
No caso dos contratos de concessão firmados depois de 93 e que ainda não venceram, o poder público poderá decidir sobre sua renovação, pelas novas regras e exigindo novos investimentos, se considerar necessário. Essa possibilidade tem acordo com o Executivo e não deve sofrer vetos da presidente.
O relator também incluiu mudanças no texto original da MP dos Portos que desagradam o governo, como a criação do "Porto Indústria", que mantém as vantagens dos terminais privativos que o governo tentou limitar por meio da medida provisória.
O "Porto Indústria", que também pode ser alvo de veto da presidente, só poderá ser operado por empresas do setor agropecuário, mineral e de hidrocarbonetos.
Apesar das mudanças e das possibilidades de vetos, Braga acredita que a essência da medida provisória foi mantida e o país ganha com o novo marco regulatório.
A aprovação do relatório ocorreu após muita polêmica e ameaças de greves de trabalhadores, que temiam perder direitos com as mudanças propostas. Na semana passada, sindicatos dos portuários decidiram suspender uma paralisação agendada, diante de reivindicações atendidas.