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Em derrota para Eduardo, deputados adiam votação de acordo sobre Alcântara

Discussão da proposta chega na reta final às vésperas do Planalto encaminhar ao Senado indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada nos EUA

Eduardo Bolsonaro: deputado é presidente da comissão (Pablo Valadares/Agência Câmara)

Eduardo Bolsonaro: deputado é presidente da comissão (Pablo Valadares/Agência Câmara)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de agosto de 2019 às 19h31.

Última atualização em 14 de agosto de 2019 às 09h44.

Após um pedido de vista da oposição, a Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (Creden) adiou a votação do acordo de salvaguardas tecnológicas entre o Brasil e os Estados Unidos sobre o uso comercial da Base de Alcântara, no Maranhão.

A discussão da proposta chega à reta final às vésperas do Planalto encaminhar ao Senado a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), presidente da comissão, ao cargo de embaixador do Brasil em Washington.

Desde o início da sessão, a oposição tentou obstruir a pauta afirmando que a discussão do acordo estava contaminada com a indicação de Eduardo ao posto diplomático mais importante do País no exterior.

A aprovação da matéria foi uma das tarefas que o deputado recebeu do pai, o presidente Jair Bolsonaro, antes de ser indicado para a embaixada. No início do mês, Bolsonaro cobrou a aprovação da questão. "Este acordo está embolado por sua possível nomeação como embaixador", disse a deputada Pérpetua Almeida (PCdoB-MA), que fez o pedido de vista referindo-se à eventual indicação de Eduardo para a embaixada.

Apesar do adiamento, o deputado Eduardo Bolsonaro conseguiu na sessão desta terça-feira derrubar as tentativas de obstrução da votação. O texto final do relator, deputado Hildo Rocha (MDB-MA) que deu parecer integralmente favorável à proposta, deve voltar à pauta na semana que vem.

Após a votação na Creden, a matéria ainda deverá ser analisada por outras comissões, como a de Constituição e Justiça, e no plenário da Casa. Para Rocha, o acordo é importante para a soberania brasileira e para o avanço tecnológico do País.

Acordo

O acordo de salvaguardas tecnológico foi assinado entre os dois países em março deste ano, quando o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com o presidente norte-americano, Donald Trump, nos Estados Unidos. A mensagem chegou à Câmara em junho.

A base é considerada um dos melhores locais no mundo para o lançamento de foguetes, por estar próxima à linha do Equador e, consequentemente, possibilitar lançamentos com menos combustível.

De acordo com o governo, a proposta dá amparo legal para o uso comercial de Alcântara, não importa por qual país, oferecendo a possibilidade de empresas privadas efetuarem lançamentos espaciais a partir do Centro de Lançamento de Alcântara.

Os Estados Unidos só permitem que equipamentos que possuam tecnologias americanas sejam utilizados na base aérea brasileira caso o acordo seja assinado.

À reportagem, o presidente da comissão de implantação de sistemas espaciais, brigadeiro Luiz Fernando de Aguiar, explicou que os americanos têm domínio de 80% do mercado e equipamentos do setor e que a não aprovação da proposta reduziria o potencial de exploração comercial da base.

As autoridades brasileiras asseguram que o acordo de salvaguardas com os Estados Unidos não atinge a soberania do Brasil, como ressaltou o comandante da Aeronáutica, em artigo publicado neste sábado no jornal O Estado de S. Paulo. Todos os pontos polêmicos do acordo, de acordo com o brigadeiro Aguiar, estão sendo revistos.

Tramitação

Os deputados Rubens Bueno (Cidadania-PR) e Aécio Neves (PSDB-SP) afirmaram que a presidência da comissão descumpriu um acordo para a tramitação da proposta. Desde junho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) tentou acelerar a votação colocando na relatoria um parlamentar alinhado com o governo.

O parecer de Hildo Rocha foi protocolado no dia 11 daquele mês, cinco dias após o documento chegar oficialmente à comissão. Sem discutir com os demais membros do colegiado, o filho do presidente tentou levar a proposta direto à votação, mas foi barrado por deputados da oposição e de partidos de centro que acordaram adiar a votação até a realização de duas audiências públicas e uma visita técnica na base em Maranhão.

Durante a votação, Eduardo negou a manobra. "O que está sendo atropelado aqui é a proposta. Já adiamos demais essa discussão", afirmou o presidente da Creden.

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