Carlos Marun: oposição se movimentou mais cedo para jogar a votação da reforma para frente (Ueslei Marcelino/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de abril de 2017 às 12h23.
Brasília - O governo cedeu à pressão da oposição e concordou em adiar a votação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados para o início de maio, depois de ter colocado como objetivo iniciar a apreciação já na semana que vem.
Pelo acordo proposto e aceito pela base aliada, o relatório será lido ainda nesta quarta-feira, sendo que a semana que vem será dedicada a debates que ocorrerão de terça-feira a quinta-feira. A votação, com isso, ficou marcada para 2 de maio, disse o presidente da comissão especial da Previdência, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
A oposição se movimentou mais cedo para jogar a votação para frente, buscando frear o ímpeto do governo do presidente Michel Temer de acelerar a análise do texto e, com isso, passar mensagem de força política em relação à proposta que considera crucial para o reequilíbrio das contas públicas.
Em requerimento apresentado nesta manhã, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) chegou a pedir que não fosse realizada nenhuma reunião na comissão no período de 20 a 28 de abril.
"Estamos aqui para negociar com eles algo que seja razoável. O relator no começo dos trabalhos falou que nós teríamos um mês ou 15 dias no mínimo de debate na comissão. Agora eles estão querendo votar na terça-feira que vem", criticou Valente.
Pelo acordo, os deputados contrários à reforma se comprometeram a não obstruir os trabalhos.
Na noite passada, o governo sofreu uma derrota na Câmara dos Deputados ao não conseguir aprovar pedido de urgência para a reforma trabalhista, algo que foi visto pelo Palácio do Planalto como um "mau sinal" mas que poderia ser revertido.
Mais cedo, o relator da reforma da Previdência na comissão, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), falou que fez mudanças para aposentadoria de policiais e mulheres em relação ao texto que havia divulgado na véspera.
Na véspera, Oliveira Maia anunciou alterações em diversos pontos do projeto original do governo, alguns considerados essenciais, como o tempo de contribuição e a idade mínima para mulheres se aposentar, implicando em redução de pelo menos 20 por cento da economia planejada para os próximos 10 anos.
O governo previa votar a reforma no plenário da Câmara na primeira quinzena de maio. Depois, a proposta vai para o Senado onde, apesar de já estar negociando e não prever embaraços, o governo ainda pode ter que enfrentar problemas na base.