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Com Temer fora, solução seria "alguém respeitado", diz professor

Para Peter Hakim, professor e presidente emérito do Inter-American Dialogue, não há chances de que Temer permaneça no poder

Michel Temer: o professor definiu que o Brasil tem uma séria crise de governabilidade (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

Michel Temer: o professor definiu que o Brasil tem uma séria crise de governabilidade (Ueslei Marcelino/Reuters/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de maio de 2017 às 14h29.

Washington - As novas revelações sobre o presidente Michel Temer acabaram com a pouca credibilidade internacional que ele tinha e comprometeram a capacidade do Brasil de exercer influência na região e fortalecer os laços com os Estados Unidos, avalia Peter Hakim, professor e presidente emérito do Inter-American Dialogue. Questionado sobre a permanência de Temer no poder, ele disse ao jornal O Estado de S. Paulo: "Não vejo como".

O senhor vê alguma chance de sobrevivência de Temer?

Não vejo como. Mesmo se Temer não tivesse dito uma palavra enquanto ouvia o que Joesley (Batista, dono da JBS) dizia, não é responsabilidade do presidente reportar atividades criminosas? Não dizer nada sugere cumplicidade.

Qual seria a melhor solução?

O melhor seria eleições diretas, porque o Congresso está desmoralizado. A outra solução seria identificar alguém que seja respeitado. Os únicos candidatos para isso seriam atuais ou ex-integrantes da Supremo. Outra possibilidade seria uma figura econômica, como (Henrique) Meirelles, mas ele é identificado como autor de reformas impopulares.

O que será das reformas?

O Brasil tem uma séria crise de governabilidade. Um presidente impopular e acusado de corrupção e obstrução de Justiça, ninguém claramente pronto para seu lugar. Isso torna muito difícil a aprovação de reformas.

Como Washington reage?

Sempre achei que a administração Barack Obama mantinha distância do governo Temer, em parte pelas dúvidas em relação ao impeachment. Agora, pessoas que estão no governo me dizem que houve esforço excessivo da gestão anterior na tentativa de reconstruir a relação com Temer. Com as novas revelações, qualquer disposição de trabalhar com o governo brasileiro desaparecerá.

Se Temer ficar, como será a relação com outros países?

Como será possível para Temer exercer influência regional quando dois terços dos governos na América do Sul foram corrompidos por uma companhia brasileira, a Odebrecht? Não posso imaginar Trump convidando Temer para a Casa Branca. Ele já tem problemas suficientes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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