Passageiros em frente à área de embarque do aeroporto de Congonhas: uma passagem temporária para pedestres vai ser construída enquanto a nova, financiada pelo setor privado, é construída (Marina Pinhoni/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2015 às 17h29.
São Paulo - No ano do centenário do arquiteto João Batista Villanova Artigas (1915-1985), a Prefeitura de São Paulo vai interditar a passarela projetada por ele e que dá acesso ao Aeroporto de Congonhas, na zona sul, porque 50% do corpo metálico está comprometido e com risco de cair sobre a Avenida Washington Luiz, na zona sul de São Paulo.
Uma passagem temporária para pedestres vai ser construída enquanto a nova, financiada pelo setor privado, é construída.
Por dia, cerca de 3 mil pessoas passam sobre a estrutura comprometida de 60 metros, batizada de Comandante Rolim Amaro.
Nesta sexta-feira, 11, técnicos e engenheiros da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras estiveram no local para escorá-la.
Segundo Luiz Antonio de Medeiros, secretário da pasta, existe "um laudo dizendo que o risco de queda é iminente". Na quinta-feira, 10, ele recebeu um documento com a descrição dos problemas.
Para que a passarela não caia, a Prefeitura passou o dia fazendo adaptações e, dentro de uma semana, ela será fechada definitivamente.
A passagem provisória com rampas e elevadores (a atual não tem os equipamentos), ficará ao lado da que antiga. "(O escoramento) Está sendo feito em regime de urgência porque eu recebi um laudo dizendo que a queda é iminente.
Não posso deixar para outro dia", explicou Medeiros. Ele garantiu que engenheiros da secretaria vão ficar de plantão, 24 horas por dia no local, até que a obra provisória esteja pronta.
Projeto mantido
Medeiros disse que a nova estrutura terá cobertura e elevadores de acesso. Mesmo sendo diferente do original, ele afirmou que o projeto de Artigas será mantido.
O Aeroporto de Congonhas é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), o que inclui também a área ao redor do terminal aeroviário.
No entanto, a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras disse que a passarela não está tombada.
De acordo com o secretário, a nova passarela deve custar cerca de R$ 3,5 milhões e vai ser paga por empresários do setor hoteleiro e de aviação que têm atividades no entorno do Aeroporto de Congonhas.
A troca da estrutura é prometida pela gestão Fernando Haddad (PT) desde o ano passado, quando os mesmos danos que vão causar sua interdição já haviam sido constatados. A administração municipal chegou até a prometer abrir a licitação, o que não foi feito.
Em 2005, o ex-prefeito José Serra (PSDB) aceitou um projeto da iniciativa privada para reformar a estrutura.
No ano de 2010, durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), o Ministério Público Estadual (MPE) exigiu que o projeto não fosse levado adiante e entrou com uma ação civil pública contra a Prefeitura. De acordo com os promotores, a nova passarela beneficiaria o Hotel Íbis, que fica próximo ao aeroporto.
História
A passarela foi inaugurada em 1974 e nunca passou por nenhum tipo de reforma. O desenho foi elaborado por João Batista Vilanova Artigas, um dos principais nomes da arquitetura brasileira.
Ele é responsável por outras importantes estruturas da capital como o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, e o edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP).