Pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin: ausência marcante no evento foi a do último candidato a presidente pelo PSDB, senador Aécio Neves (Adriano Machado/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de julho de 2018 às 09h35.
Última atualização em 25 de julho de 2018 às 10h24.
Brasília - Depois de o empresário Josué Gomes (PR) ter recusado o convite para ser candidato a vice na chapa presidencial do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), os partidos do Centrão saíram em busca de um plano B. Até agora, o DEM - que comanda a Câmara - obtém a preferência de Alckmin, mas, oficialmente, o tucano diz que a escolha deve ser feita pelo bloco.
Embora integrantes do grupo formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade ainda tentem convencer Josué a aceitar a vaga de vice, a chance de o recuo ocorrer é considerada remota. Em conversas reservadas, dirigentes do Centrão já admitem que a indicação pode recair sobre o deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE).
Amigo de Alckmin, Mendonça Filho é visto como curinga pelo bloco. O ex-governador de São Paulo sempre quis fazer dobradinha com ele, que agrega pontos por ser do Nordeste, região onde o tucano enfrenta resistências, mas o DEM, à época, vetava a parceria. Além de Mendonça Filho, outro nome cotado para vice é o do ex-ministro Aldo Rebelo, que ficou 40 anos no PCdoB e hoje está no Solidariedade.
Antes de o Centrão indicar Josué - dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011 -, Alckmin chegou a convidar Aldo para o posto. O ex-ministro ainda não retirou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.
"Vice é construção coletiva. Gostei quando me indicaram o Josué. Se for ele o nome, ótimo. Se não for, vamos buscar outro", amenizou Alckmin. "Josué está na nossa campanha. Se vai ser vice ou não, vamos ver."
Com ou sem a chapa pronta, porém, o Centrão vai anunciar na quinta-feira, 26, o apoio oficial a Alckmin. Nesta quarta, seus dirigentes vão se reunir, em Brasília, para acertar a divisão de tarefas e a coordenação da campanha, além da vice. Com a adesão, o tucano terá, no mínimo, mais 4 minutos no horário eleitoral.
Questionado se o PRB poderia sugerir o empresário Flávio Rocha para vice, o presidente do partido, Marcos Pereira, respondeu que "ainda" não trabalhava com a hipótese. "Ainda confiamos que poderá ser Josué", disse Pereira, que é ex-ministro.
Em nota divulgada nesta terça-feira, 24, a Executiva do PR disse que não havia, até o momento, qualquer decisão por parte do empresário. A reportagem apurou, no entanto, que o movimento é parte da estratégia para tentar reverter o "não" de Josué. Políticos do PR diziam nesta quarta que "não se pode trocar a noiva antes de consumada a desistência do compromisso".
Nas duas conversas que manteve com Alckmin, porém, o empresário alegou questões pessoais - como a sucessão na própria empresa e a oposição da família - para recusar o convite.
Josué se filiou ao PR de Valdemar Costa Neto em 6 de abril, em um arranjo político para ser vice do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Antes, o empresário estava no MDB.
Candidato a novo mandato, o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), se reúne nesta quarta-feira com Josué para oferecer a vice em sua chapa. Outra proposta prevê a candidatura ao Senado, ao lado da presidente cassada Dilma Rousseff. Ao que tudo indica, o empresário não aceitará nenhuma das ofertas.
Há duas semanas, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner conversou com Costa Neto sobre a possibilidade de Josué ser o candidato à Presidência, apoiado pelo PT, caso Lula seja barrado pela Lei da Ficha Limpa. O chefe do PR disse a interlocutores não acreditar no cumprimento dessa proposta.
O presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), ironizou nesta quarta o vaivém do bloco, que na última hora isolou Ciro Gomes (PDT) para apoiar Alckmin. "O Centrão não tem dono. É uma manifestação política. Ali só tem gente esperta."
Pré-candidato do Podemos, Alvaro Dias negou, por sua vez, que vá renunciar para apoiar o tucano. "O que estamos verificando é a reedição ampliada desse presidencialismo de coalizão, que fracassou. Eu não vou avalizar essa tragédia", afirmou o senador. Ele, no entanto, também buscou, sem sucesso, o respaldo do bloco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.